Na infância, foi inserida no mundo artístico e nunca mais o deixou de lado. Com cerca de seis a sete anos, Joana Wachholz já vivia rodeada de lápis de cor, giz de cera e guache. No entanto, nunca imaginou que esse amor pudesse fazê-la se tornar a responsável por criar a arte do maior ovo decorado do mundo.
Quando sua família percebeu que gostava muito de pintar, decidiram colocá-la em aulas particulares de pintura em porcelana, algo muito comum em Pomerode na época. “Fiz até mais ou menos 17 a 18 anos. Encerrei as aulas quando iniciei na faculdade por estar com menos tempo, até porque eu também era atleta, mas continuei com a pintura em porcelana”, lembra.
Ao longo dos anos, muitos dos colegas artistas de Joana pararam com o ofício, mas ela se manteve firme e forte. “Eu tive a oportunidade de fazer isso até hoje. Também atuo na educação, sou professora. Minha habilitação é em Educação Física, mas há 20 anos sou diretora da Escola Olavo Bilac. Sempre tento conciliar os dois, já que o artesanato é minha segunda fonte de renda.”
O convite para produzir a arte do que seria o maior ovo decorado do mundo, uma das atrações da 15ª Osterfest, aconteceu em outubro de 2022. “A proposta seria resgatar um tipo de arte vinda dos imigrantes da região da Cassúbia, por isso que se chamavam Kaschuben. Por ser uma arte comum de ser feita em porcelana, eles pensaram no meu nome”, explica.
Prontamente, Joana aceitou, mesmo que isso significasse um grande desafio. “Desde o início, foi um misto de emoções. Primeiro, uma surpresa pelo convite. Depois, tudo foi se transformando em ansiedade, porque eu tive que sair da minha zona de conforto e utilizar uma técnica que eu não costumo fazer. Tive que me preparar e estudar muito para ter uma similaridade com aquilo que era o objetivo inicial.”

Foram muitos rascunhos, alterações e melhorias para que o resultado final fosse dentro do esperado e que agradasse a todos. “Comecei a fazer os desenhos com canetinha em folhas A4 e, depois, passei para um programa de computador para que chegasse à arte final, principalmente pela simetria, porque não seria fácil desenhar tudo a mão em cima de uma circunferência ovalada.”
Depois, mandou decalcar e fazer cromos, os quais foram aplicados em cima do ovo de porcelana em miniatura. Em dezembro, depois de dois meses, tudo estava pronto. “Foi um processo de criação um pouco demorado, já que, em virtude do meu trabalho, só pude fazer nos meus horários livres”, revela.
Após finalizada, a arte foi passada para o escultor João Siqueira, que liderou a equipe que pintou manualmente o ovo gigante. “Foi toda uma parte minuciosa de proporção do ovo pequeno para o gigante”, pontua Joana.
Sobre o resultado final, ela destaca que gostou muito e alcançou o objetivo que lhe foi colocado. “Me senti muito valorizada pelo público, fiquei muito feliz. Essa Páscoa teve um novo significado para mim, foi uma experiência muito enriquecedora ter representado minha cidade. Eu sempre me fiz presente na Osterfest e é muito legal ver as pessoas tirando foto com o ovo gigante e levando como recordação. É um sentimento e carinho especiais.”
Por fim, Joana deixa um recado especial aos que sempre estiveram ao lado dela lhe dando todo o apoio necessário. “Gostaria que meus pais estivessem aqui, com certeza eles ficariam muito felizes em participar desse processo, afinal foram eles que me iniciaram nessa proposta artística desde cedo. Agradeço sempre a todos da minha família por me incentivarem nesse caminho.”