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Curiosidades históricas: Tabaco como sinônimo de prosperidade

Por Genemir Raduenz, Edson Klemann, Johan Ditmar Strelow, Cláudio Werling e Dirceu Zimmer

Foto: Acervo: Peter Riemer
Colheita de tabaco na localidade de Testo Alto (região de Canudos) em meados dos anos 80 na propriedade de Geraldo Rahn. Após um dia intenso de trabalho, familiares e vizinhos posam para a foto.

Desde o nascimento da colônia Blumenau a atividade de charutaria se fazia presente. Entre os 17 primeiros imigrantes estava o charuteiro Friedrich Riemer proveniente da Prússia. Consta que após 03 anos em terras brasileiras já havia uma próspera fábrica de charutos, fruto das primeiras plantações de tabaco por volta de 1853. A presença do tabaco na pujança da colônia Blumenau pode ser observada nos itens “exportados” numa das viagens regulares do vapor Progresso (15 de junho de 1883). Nesta, foram transportadas para Itajaí mercadorias como carne em conserva, mel, linguiça, batatas, ovos, 09 caixas de charutos, 06 fardos de tabaco, entre outros. Ao longo das décadas inúmeras charutarias prosperaram na região. O imigrante Riemer afirmava que o tabaco aqui produzido era melhor que o da Europa e do Caribe, somente perdendo para o de Havana.


Acervo Guisela Schuldt/Da esquerda para a direita: Gerhard Schuldt e sua esposa Rita, no centro o casal Johannes e Wanda Schuldt (nascida Volkmann), o menino Wilmar Schuldt e Guisela Hedrich (Schuldt).

No Vale de Pomerode a família Bürger foi a pioneira. Arthur Bürger fundou a fábrica em 1920 e por volta de 1940 ela funcionava no antigo prédio da escola da comunidade centro. O charuto “Flor do Brasil” era o mais popular e entre os especiais destacava-se “Cinza Branco” e a produção comercializada para vários Estados. Em Testo Central Alto também havia a fabricação de charutos. Guisela Hedrich (nascida Schuldt) que, por volta de 1948, quando tinha 10 anos, já auxiliava na fabricação de charutos. Seus pais Johannes (Hannes) e Wanda Schuldt trabalhavam como terceirizados na sua casa para Arthur Bürger, com quem aprenderam o ofício. Fundaram a fábrica Johannes Schuldt na década de 1940 na residência da família e boa parte da produção era destinada para Porto Alegre (RS).


Acervo: Sammlung, J. Blumenau-Niesel, Berlim/Dr. Blumenau em seu jardim fumando um charuto. No dia a dia fumava-se o cachimbo e aos domingos o charuto num momento especial.

As marcas utilizadas na ocasião eram “Oriental” e “Pequena Gaúcha”. Toda a família trabalhava na fábrica e também 08 funcionários de Indaial. Os seladores dos charutos eram Armando e Ingo Hein de Pomerode, responsáveis pela colocação dos rótulos nos charutos. Posteriormente eram prensados e colocados nas caixas para o transporte. O processo de fabricação do charuto compreendia “enrolar” o tabaco, “rotular”, “prensar” e, por fim, encaixotar para a expedição. Guisela destaca que parte da produção era terceirizada, “havia uma família Perini no Klarasbach e a família Kühlewein de Testo Central que pegavam as folhas do tabaco com meus pais e faziam em suas casas o charuto”. A matéria prima seu Hannes comprava em Rio dos Cedros da família Bonatti, percurso que fazia de bicicleta. A fábrica de charutos dos Schuldt encerrou suas atividades na década de 1970. Muitas famílias passaram a cultivar tabaco em suas lavouras para a multinacional Souza Cruz, as várias estufas de fumo nas propriedades são um legado arquitetônico deste período. 

Imagens

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