Durante todo o ano, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Pomerode oportuniza para uma parte dos alunos a aula de Serviços de Vivências Laborais (SVL).
Durante as oficinas, os estudantes confeccionaram artesanatos e, em parceria com a Loja Handgemacht – Loja Feito à Mão, de Pomerode, podem colocar os produtos à venda. “Temos a oportunidade de colocar 200 peças lá. À medida que vai saindo, a responsável de lá nos encaminha uma mensagem para levar os produtos, aí o que temos em estoque nós levamos, fazemos a etiqueta, marcamos o produto, o preço, identificamos que aquilo é nosso produto. Com as vendas, eles revertem 100% do valor para os alunos”, explica a professora da turma, Neusa Warmeling Fuchter.
Segundo ela, os estudantes inclusos nesse projeto conseguem desenvolver atividades laborativas, mas não têm indicação para ingressarem no mercado de trabalho. “Porém, eles têm o potencial e habilidades para desenvolver o artesanato durante essas oficinas”, explica.
No momento, o tema da vez é, claro, o Natal. Nesta modalidade, o principal produto confeccionado é os arranjos de vidros. “Para eles levarem, também fizemos porta-doces com vidros de café, já que eles tiveram uma oficina de bolachas para levarem para casa.”
Após as vendas feitas na loja, o dinheiro retorna para o “caixinha” do projeto. Com o valor, a professora usa para adquirir o material que a turma utiliza, além de também ser destinado para o lazer deles. “Agora fim do ano, tem a tão esperada confraternização com o amigo secreto. O que conseguimos economizar é o tamanho da confraternização. Com o dinheiro, pagamos alimentação e a compra do presente do amigo secreto”, destaca.
Na aula de Serviços de Vivências Laborais, 20 alunos participam das oficinas, sendo divididos nos turnos matutino e vespertino. “Nós temos o cronograma, nas terças-feiras acontece essa oficina laborativa com a turma da tarde. Nas quintas-feiras, acontece com a turma da manhã. Essa é uma área pedagógica trabalhava com eles, é um desenvolvimento de habilidades de um potencial que eles têm e funciona dentro do currículo trabalhado na instituição.”

Com a turma, Neusa está atuando há cerca de cinco anos. Para ela, esse é o momento destinado a trabalharem as habilidades, sempre de forma leve e prazerosa. “Procuramos proporcionar isso a eles, que seja de uma forma leve, mas que tenha o desenvolvimento das atividades para fazer as sinapses no cérebro de diferentes momentos e ações que acontecem nas oficinas”, evidencia.
Sobre os resultados obtidos nas aulas, a professora admite ser “suspeita para falar”. “Eles são meus pupilos, desenvolvem tudo com muito carinho, dedicação, não se importam em ter que refazer, porque isso ocorre no artesanato. Também tem dias que tenho uma atividade proposta, mas o dia não está legal para eles, então temos que trocar a atividade. Isso também faz parte do ser humano, nem sempre estamos prontos para aquilo naquele dia, então temos essa flexibilidade na educação especial.”
A autodefensora da Apae de Pomerode, Thais Patricia Lourenço, relata que gosta muito de participar das aulas. “Eu aprendo bastante coisa. O que eu mais gostei de fazer, até agora, foi o artesanato com os vidros. A minha cor preferida é a azul, mas também gosto de verde, por exemplo. A professora me ajuda bastante, gosto muito dela”, enfatiza.
Por fim, Neusa comenta sobre essa oportunidade que apareceu na instituição. “Existe uma dificuldade de incluir eles na sociedade, esse é um momento onde conseguem colocar em prática as habilidades que eles têm de produzir. Essa é uma das tantas coisas que eles fazem na escola dentro do currículo funcional que eles desenvolvem no dia a dia. Eles fazem muitas oficinas, mas essa é a porta de entrada para eles estarem na sociedade onde eles conseguem ver nossos produtos.”