“Sempre gostei de contar histórias, mas não gostava de escrever porque eu não sabia.” Foi assim que Laura Spaniol Souto, de 17 anos, iniciou a história que teve um fim grandioso: a publicação de um livro intitulado “Coroa de Ferro, Coroa de Prata”. A aluna do “terceirão” do Colégio Fátima, de Pomerode, tem desde criança a paixão pela leitura, mas admite que a escrita nem sempre foi sua aliada. “Quando estava no sétimo ano, uma professora disse que o meu trabalho não estava bom. Ela me mandou escrever de novo, disse que eu conseguiria fazer melhor e eu fiz na raiva”, relata.
Um sentimento ruim que se transformou em algo positivo. Laura reescreveu o trabalho e ele foi publicado na sessão de crônicas de um jornal. Com o resultado, começou a entender que, na verdade, tinha jeito para a coisa. “Eu nem consegui acreditar, isso me inspirou a tentar algo a mais. Eu fiz na raiva, mas quando terminei vi que na verdade era legal, tinha dado certo.” Com isso, começou a escrever histórias, poemas e crônicas.
Um dia, já durante a pandemia, Laura estava escutando a música “Viva La Vida”, do Coldplay, e prestou atenção na letra que, segundo ela, fala sobre um rei que foi tirado do trono. “Eu olhei para isso e pensei ‘nossa, isso parece uma fantasia’ e vi que poderia fazer uma história com aquilo”, relata.
Decidiu, então, sentar e começar a escrever. Foram três dias seguidos com a mesma rotina: acordar, escrever, almoçar, escrever, jantar, escrever e ir dormir. Ao fim do terceiro dia, olhou para a tela do computador e se surpreendeu: havia escrito 300 páginas. Depois de pronto, mandou para alguns amigos, os quais retornaram com sugestões e ela ficou cerca de três meses corrigindo e revisando o rascunho.
Quando terminou, reenviou aos colegas. Foi depois de alguns dias que recebeu a notícia surpresa: um deles havia enviado a obra para uma editora e eles tinham confirmado a publicação. “Eu não sei como ele encontrou a editora, só apareceu para mim e disse ‘olha esse e-mail que recebi’. Só que eu não sabia disso, na época fiquei brava. Depois, entendi que foi ele quem me fez lançar o livro.”
Na época, enviou uma mensagem para a empresa solicitando que cancelassem a publicação. Decidiu revisar novamente e, quando finalmente sentiu que ele estiva 100% finalizado, reenviou as mais de 300 páginas. “Olhei para o trabalho, sabia que estava pronto e me senti satisfeita, então pensei ‘se incompleto eles aceitaram, imagina ele no topo do que pode ser?’” A resposta não poderia ser diferente: um novo sim.
Depois de muitas revisões, reler o livro diversas vezes e uma capa para escolher, a obra chegou às mãos de Laura. “Quando a caixa com os exemplares chegou, abri correndo, peguei um e comecei a chorar, foi muito emocionante. Imediatamente, me tranquei no quarto e comecei a escrever a dedicatória do livro para os meus pais”, confidencia.
O primeiro lançamento foi feito dentro da escola em que estuda durante o 1º Sarau Literário do Ensino Médio Fátima, que ocorreu na manhã de sexta-feira, dia 18. Na ocasião, Laura teve a oportunidade de conversar com os estudantes e contar sobre o que a levou a escrever o livro. “Eu queria falar sobre alguma coisa que alguém da minha idade, passando pelas mesmas experiências, lesse e se encontrasse. O livro conta basicamente a história de alguém que perdeu tudo e foi jogado ao mundo sem saber o que fazer, como viver até o próximo dia e reconstruir uma vida a qual achava que nunca mais poderia ter.”
Em janeiro, Laura fará o lançamento aberto para os amigos, familiares e comunidade em geral. O encontro, ainda sem data definida, será na Biblioteca Municipal de Pomerode, local que tem lugar especial em seu coração. Para os colegas, ela deixa uma recomendação especial: “Qualquer um pode escrever e não necessariamente os textos precisam ser bons, porque as primeiras coisas que eu escrevi também não eram, mas sei que isso fez parte da minha trajetória. Você não precisa ser o melhor escritor do mundo, é sobre a sensação de contar uma história para outra pessoa. Se você tem alguma coisa para dizer, diga de qualquer forma que seja, porque faz você se sentir mais leve e pode mudar a vida de alguém”, finaliza.