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A eterna busca por novos conhecimentos e experiências

Com 88 anos, artista plástica Ruth Gasparek se desafiou e decidiu “sair da caixa”

Uma pessoa de alma leve e coração transbordando de bondade. É dessa forma que se pode definir a artista plástica Ruth Gasparek. Com 88 anos, ela foi desafiada pela filha mais nova, Elizabeth Gasparek, a mudar seu estilo artístico. O caminho não foi fácil, mas hoje ela pode dizer que deu um passo a mais em busca desse objetivo.

Moradora de Pomerode há pelo menos 30 anos, Ruthinha, como é chamada pelas amigas, iniciou nas artes plásticas trabalhando com flores secas. Depois de décadas, foi apresentada aos mosaicos, momento em que pequenos pedaços de pastilhas ganharam seu coração.

Com mosaico, Ruth sempre trabalhou com peças pequenas, como quadros. No entanto, durante a pandemia, recebeu um novo desafio: “sair da caixa”. “Eu ‘cutuquei’ ela e disse pra ela se reinventar, e ela anotou o recado. Agora, está fazendo mosaicos em estruturas e painéis grandes”, lembra a filha Elizabeth.

De primeiro momento, ela não tinha ideia de por onde começar, como seria o recorte dos pedaços de pastilha, etc. No entanto, sem saber, herdou dos pais a facilidade com trabalhos manuais. “Meu pai era pedreiro e mexia com pedras. Algumas vezes, eu o ajudava e acho que isso ficou em mim. Agora, essa característica se aflorou, aí eu lembro dele. Já a minha mãe era uma brilhante costureira. Eu nunca gostei de costurar, mas fiz muitos bordados com tapetes, então peguei um pouco dela também. Me sinto muito bem trabalhando com isso e acho que vou continuar até não dar mais”, evidencia.

Início no mundo artístico

Ruth nasceu em Rolândia, uma cidade no interior do Paraná. Lá, frequentava muitos bailes ao lado dos pais. De início, não conhecia as flores secas, mas sempre gostou muito da natureza de modo geral.

Amigos: parte dos convidados que prestigiaram a festa em comemoração às novas obras. FOTO: Laura Sfreddo

Quando tinha por volta de 14 anos, foi em um baile de uma família muito bem de vida. Durante a noite, um dos filhos dos anfitriões lhe deu uma rosa vermelha que tinha apanhado do jardim. “Eu levei essa flor para casa e, sem pensar, coloquei dentro de um livro bem grande que eu tinha. Depois de muitos meses, eu achei esse livro, abri e a rosa estava lá, linda, bem prensada e sequinha. Aí comecei a pegar flores para secar e comecei a fazer quadros, cartões.”

Após conhecer o mosaico, trabalhou com as duas artes até que teve que tomar uma decisão. “É preciso ter muito cuidado com a cola para trabalhar com as flores secas, aí como hoje em dia já não estou mais 100%, decidi passar somente para o mosaico. Mesmo assim, quando eu acho uma folha, eu coloco dentro de um livro… Quem sabe ainda dá para fazer um cartãozinho”, reflete.

Mão na massa

Na casa em que Ruth e a filha mais nova moram, um espaço chama a atenção de quem as visita. O local que antes era destinado a uma área de festa, com fogão e churrasqueira, foi transformado em um ateliê quando as duas se mudaram para a residência.

O “cantinho das artes” é, na verdade, um lugar espaçoso e que é decorado com diversas artes feitas pela matriarca. Já do lado de fora, onde anteriormente era uma garagem, agora é o local destinado para o painel e as esculturas feitas com a técnica de mosaico.
“Neste painel, a amiga da mãe, a artista plástica, Ana Lia Moraes, ajudou na inspiração, com folhas e flores, fez o desenho principal… Foi um trabalho em conjunto. É diferente, totalmente inusitado pra ela. O quadro é uma releitura de uma senhora que fez em 1968 também em mosaico, nós achamos a arte na internet. Depois, nós demos vida ao painel e criamos as esculturas de galinhas”, explica Elizabeth.

Trabalhos manuais: as artes plásticas sempre fizeram parte da vida de Ruth. FOTO: Laura Sfreddo

Sobre as novas artes, Ruth destaca que o painel foi mais trabalhoso de fazer. “Precisa colar os pedaços muito certinho, porque aparece se não ficar liso. Antes de pendurarem a placa, eu fiquei duas noites quase sem dormir. Estava preocupada, já que é pesada, fiquei com medo dela rachar no meio.”

Com os trabalhos finalizados e o desafio inicial cumprido, foi a vez de comemorar essa grande conquista. Como no domingo, dia 8, foi aniversário de Elizabeth, decidiram unir o útil ao agradável e fazer uma festa para celebrar esses dois momentos. “A ideia é mostrar que, mesmo com essa idade, você pode se reinventar, pode continuar criando e fazendo outras coisas. Agora, nós faremos festa em todo desafio alcançado por ela”, finaliza a filha.

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