Ganhadora do Concurso de Árvore de Páscoa de 2024 da Rota do Enxaimel, Mafalda Siewert, de 81 anos, esbanja simpatia e alegria. Desde nova, a moradora de Testo Alto já incentivava seu lado artístico e, sempre que podia, fazia cestinhas e casquinhas para comemorar a Páscoa.
Nascida em Indaial, foi com 13 anos que se mudou para a Cidade Mais Alemã do Brasil. “A minha vizinha de lá veio morar para Pomerode, na Rua 1º de Maio, onde a minha irmã ainda está morando. Ela nos indicou um terreno para meus pais comprarem. Aí vendemos lá em cima e viemos para Pomerode”, lembra.
Foi no novo município que Mafalda fez a doutrina e, com apenas 14 anos, iniciou sua vida profissional. “Comecei a trabalhar na Porcelana Schmidt, onde fiquei por três décadas. Com 44 anos, me aposentei.”
Durante seu período de trabalho, conheceu seu marido, com quem casou aos 22 anos. Infelizmente, em 2011, perdeu seu companheiro de vida. “Agora, eu moro com um dos meus filhos, que a esposa dele também é falecida, e com a minha neta. Também tenho dois bisnetos que são a minha alegria, um amor imenso”, evidencia.
Sobre os momentos que viveu em família durante os períodos de Páscoa, Mafalda relata que, na sua infância, tudo era muito simples. “Meus pais trabalhavam na roça, aí eles cozinhavam ovo de galinha e pintavam com um tipo de raiz que pigmenta o ovo, e era isso que nós ganhávamos. Não tinha cestinha, nada. Isso eu me lembro ainda. Mas ficávamos felizes, tinha aquelas balas grandes assim, era só açúcar”, brinca.

Já com seus filhos, pôde proporcionar novas experiências. Diante disso, fazia as cestinhas e ovinhos para presenteá-los. “Eu cortava papelão, costurava e fazia as cestas, já com papel crepom, eles ficavam muito felizes. Aí quando a gente roçava o gramado, eles faziam ninhos e a gente escondia os ovos. Hoje em dia, infelizmente, as crianças nem acreditam mais na Páscoa.”
Com o tempo, teve a ideia de começar a fazer casquinhas com tranças de papel crepom. Para isso, corta três pedaços do material, trança eles e, em seguida, cola na casquinha. “É um processo muito demorado. Uma trança demora 20 minutos para fazer e, pra colar, mais 10 minutos. Ou seja, meia hora só uma casquinha”, conta.
Posteriormente, quando já havia “pegado o jeito”, Mafalda começou a levar as casquinhas para vender no portal. “Os turistas compravam muito, fazia sucesso. Depois, com a pandemia, e eu parei e não levei mais.”
Como as casquinhas feitas com papel crepom não poderiam ser colocadas na rua, já que molham e estragam com mais facilidade, ela começou a fazer as tranças com tecido de cetim. “Aí eu comecei e fui fazendo sempre devagarinho. Em um sábado, um casal de amigos foi passear e chamei os dois, perguntando se eles queriam ver o que eu estava fazendo. Eu botei 400 ovinhos prontos em cima da minha cama, eles ficaram bobos”, relata.

Com isso, a amiga sugeriu que Mafalda montasse uma Osterbaum na parte externa da casa para se inscrever no Concurso de Árvore de Páscoa de 2024 da Rota do Enxaimel. “Eu disse que não sabia se minha neta iria pegar uma árvore para mim, porque eu já não consigo mais. Aí ela falou com a minha neta e disse para ela pegar uma árvore e fazer a Osterbaum.”
Em um dia, Mafalda saiu de casa e, ao retornar, encontrou uma surpresa que acalentou o coração. “Quando voltei, vi a minha neta botando uma árvore e já estava quase pronta. Eu também ajudei um pouco depois, mas ela e minha nora que vieram e montaram.”
No dia 17, saiu o resultado do concurso e a moradora de Pomerode descobriu ter sido a ganhadora. “Fiquei tão feliz, tão feliz mesmo. Eu não imaginava que iria ganhar, eu vi as outras árvores e achei todas muito boas”, admite.
Para quem também quer manter a tradição, Mafalda deixa um recado especial: “Façam uma Osterbaum, é uma alegria para Páscoa. Tentem, façam qualquer coisa, vocês não irão se arrepender.”
