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40 anos dedicados à missão de ensinar

Nelson Hein fala sobre sua trajetória como professor

Há quatro décadas, o pomerodense Nelson Hein decidiu trilhar o caminho do magistério, inspirado por mestres que marcaram sua vida estudantil. O professor se consolidou como um educador de múltiplas disciplinas e uma referência na comunidade acadêmica.

A escolha pela profissão de professor não foi ao acaso para Nelson Hein. Ele se recorda com carinho de figuras como Dona Maria Howe, sua primeira professora, que na Escola Estadual Testo Central Alto, hoje E.E.B.M. Noemi Schroeder, ensinava não apenas o currículo, mas também valores de responsabilidade e cooperação. “Outros nomes que me influenciaram foram as professoras Marilda Marçal e Eleonora Kinas, além dos professores Valmor Kamchen, Nelson Fischer e Lorenz Lessmann, que deixaram uma marca indelével na minha formação e na paixão pelo ensino.”

Hein lecionou Ciências, Matemática, Física e Geografia no Ensino Fundamental e Médio, antes de se dedicar à Universidade Regional de Blumenau (FURB) a partir de 1989, onde se tornou um nome respeitado no Departamento de Matemática. Embora concursado para Cálculo Diferencial e Integral, sua versatilidade o fez assumir uma variedade de disciplinas. “Sou concursado para a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral, mas assumo o que me oferecem”, garante.

Início desafiador e o amor pela educação

O início da carreira de Nelson Hein foi marcado por desafios. Ainda menor de idade, ele conta que substituía professores desde 1983, na Escola Estadual Testo Central Alto, hoje chamada EEBM Noemi Schroeder. “Minha mãe me incentivou a conversar com a professora Eleonora Kinas, que atuava na escola. O ano letivo havia começado e havia falta de professores.”

Nelson começou com duas turmas no primário, terceira e quarta séries, respectivamente. Pouco depois, sua dedicação o levou a atuar em várias funções na escola. “Com a chegada das professoras efetivas eu passei a ser uma espécie de coringa pois, ora era secretário, ora era aquele que organizava a fogueira de São João, tocava tambor nos ensaios de marcha, participava de excursões, substituía eventualmente professores que faziam cursos”, relembra.

Em 1984, o ex-prefeito Henrique Drews Filho e sua esposa o procuraram para substituir outra profissional. E mesmo sem receber salário, Nelson garante que recebeu como recompensa o respeito e o amor pela educação. “Não havia salário, mas havia respeito e eu adorava tudo isso.”

Orgulho: Em 1987, Hein se tornou professor do Colégio Doutor Blumenau. Foto: Arquivo Pessoal

Em 1985, Nelson passou a dar aulas de Ciências na Escola Municipal Olavo Bilac. “No mesmo ano, comecei a dar aula de Ciências na Escola Estadual Max Tavares do Amaral, em Blumenau.”

No ano seguinte, o professor passou a lecionar Matemática na Escola Olavo Bilac. E, em meados do mesmo ano, se candidatou para substituir o professor Francisco do Vale, na disciplina de Geografia, no Ensino Médio no Doutor Blumenau. “Em 1987, me tornei professor de Matemática, Física e Geografia no mesmo colégio. O Doutor Blumenau era meu sonho, era a minha carreira, era minha vida, mas a vontade de estudar mais e mais me levou para academia, onde permaneço até hoje.”

Um trabalho que se renova a cada ano

A aposentadoria não está nos planos do professor. Com uma visão tripartite de sua vida – aprender, contribuir e retribuir – ele acredita que ainda há muito a oferecer. “É difícil dizer quando termina uma parte e começa a outra parte. Claro que ainda sigo aprendendo, mas minha formação me permite agora contribuir.”

Atualmente, ele se dedica ao ensino de métodos quantitativos e à orientação de pesquisas de mestrado e doutorado na FURB, mas confessa que sua verdadeira realização está em ensinar nas turmas de Engenharia e no curso de Matemática. “Ainda tenho fôlego e vontade para contribuir”, declara.

Acadêmicos: professor Nelson ao lado da esposa e de alunos da FURB em 2022. Foto: Arquivo Pessoal

O significado de lecionar

Para Nelson, lecionar é uma arte que vai além da simples transmissão de conhecimento. “Lecionar é convencer alguém de algo que ele já sabe”, reflete ele, comparando o papel do professor ao de um chaveiro da alma, que conhece a chave-mestra para despertar o potencial dos alunos.

Entre as muitas histórias que guarda em seu coração, uma se destaca: o momento em que um ex-aluno, agora pai, o abraça na porta da escola, um gesto que simboliza o ciclo de aprendizado e influência que perdura por gerações. “Ver ex-alunos se destacando nos mais diversos cenários é motivador.”

Outro momento marcante foi o conselho dado para a mãe de Nelson pelo Pastor Edgar Liesenberg, em companhia do professor Curt Brandes, numa visita de cortesia à casa da família, em 1977, que o encorajou a seguir os estudos no Conjunto Educacional Doutor Blumenau, decisivo para sua trajetória. “Um pedido do Pastor era uma ordem, naquela época. E assim foi feito”, complementa.

Ao longo de sua carreira, Nelson aprendeu que nem todos os alunos absorvem o conhecimento da mesma forma, mas cada um tem seu valor e potencial. “O que fiz durante estes 40 anos foi semear conhecimento. Muitas sementes alcançaram solo fértil, outras nem tanto. Algumas secaram. Talvez algumas os pássaros tenham comido. Olhando para trás, vejo campos em flor e outros maduros. Quanto a mim, sempre aviso para que ninguém me espere para a colheita, pois eu Nelson, estarei sempre semeando”, reflete.

Uma trajetória exemplar

Formado em Licenciatura em Ciências e Matemática, com especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorados, além de formação recente em Estatística, Nelson Hein iniciou sua carreira como professor em março de 1985, na E.B.M. Olavo Bilac. Na época, lecionava as disciplinas de Ciências, Matemática, Física e Geografia. “Me formei em Auxiliar Técnico em Mecânica (ATM) em fins de 1984. Como aluno de Licenciatura em Ciências de 1º Grau na FURB, comecei a lecionar e não parei mais. Em 1987 já era professor de Física no Doutor Blumenau.”

Na FURB passou a atuar em 1989, com foco em Cálculo Diferencial e Integral. “Me graduei em Ciências (1987), em Matemática (1988), especialização (1990), mestrado (1994), doutorado (1998), pós-doutorados (2003, 2011) e Estatística (2024), com registro no Conselho Regional de Estatística (CONRE).”

Ao longo de sua carreira, já orientou 30 dissertações de mestrado e 15 teses de doutorado, além dos muitos alunos em sala de aula a cada semestre. “Foram muitas turmas, é difícil dizer. Lembro em certa ocasião cheguei a ter 811 alunos em um semestre. Certa vez dei aula numa turma com 137 alunos. E espero que Deus permita que eu possa retribuir, ainda por longa data, em agradecimento a tantas bênçãos que ele despejou na minha vida na forma de alunos, conhecimento e amigos.”

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