Resistir às tentações é sempre mais fácil quando há alguém nos observando, isso é fato! O grande desafio da vida adulta é que, longe dos pais, ninguém está lá pra te impedir de ceder aos pequenos prazeres do cotidiano.
Quando eu era criança, minha mãe antecipava a compra dos agrados de Páscoa, geralmente ovos ou caixas de chocolate, para mim, minha irmã e os afilhados dela. Todas essas delícias ficavam sobre o guarda-roupa do quarto dos meus pais, e a orientação era mais do que clara, só pode comer no domingo de Páscoa.
A gente passava vontade? Passava! Mas era a regra. Eis que agora sou mais do que adulta e moro sozinha. Até aqui vinha seguindo a regra estipulada por meus pais: quitutes de Páscoa, só no domingo. No entanto, essa semana me tornei uma transgressora pascoal (para minha própria tristeza).
Estávamos, meu excelentíssimo noivo e eu, em casa no domingo (de Ramos), quando bateu a larica (uso essa expressão pra vontade de comer doces que vem do além. Se você usa pra outra ocasião, me perdoe). Semanas antes, ele havia sido agraciado em um sorteio com um belo ovo de Páscoa e que, desde então, repousava tranquilo sobre a cristaleira da sala.
Naquele momento de infortúnio “larical” nós nos entreolhamos, voltamos os olhos para a cristaleira, nos olhamos novamente e, sem qualquer resistência mais enérgica, pegamos o pobre do ovo!
A desculpa inicial foi a de verificar se havia algum “recheio”. Nesse caso, tiraríamos e embrulharíamos de volta. Balancei o bendito e nenhum barulhinho sequer. Mas, tal qual São Tomé (“é preciso ver para crer”), desembrulhamos a embalagem e utilizamos uma faca (com todo cuidado do mundo pra não partir a casca) para separar as duas partes. “Nadica” de nada de recheio. Se a gente fechou a embalagem e guardou? Claro que não!
Sem mais cerimônias, metemos a mão pra quebrar um pedaço da casca e… foi!
Transgressão pascoal realizada. O jeito agora é não acrescentar outros agravantes e tentar não reincidir. A próxima oportunidade para mostrar a recuperação é o Natal. Foco, força e fé!