O cuidado à saúde da criança, por meio do acompanhamento do desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida, é tarefa essencial para a promoção da saúde, prevenção de agravos e a identificação de atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. No caso específico de crianças acometidas por alguma deficiência ou atraso em seu desenvolvimento neuropsicomotor, o acolhimento e cuidado a essas crianças e a suas famílias são essenciais para que se conquiste o maior ganho funcional possível nos primeiros anos de vida, fase em que a formação de habilidades primordiais e a plasticidade neuronal estão fortemente presentes, proporcionando amplitude e flexibilidade para a progressão do desenvolvimento nas áreas motoras, cognitivas e da linguagem.
O serviço de estimulação precoce é um Programa de acompanhamento e intervenção clínico-terapêutico multiprofissional, que trabalha com serviços de prevenção e reabilitação de crianças acometidas por alguma deficiência ou atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, oferecendo condições para o desenvolvimento da criança de acordo com as suas singularidades e propondo ações que recuperem funções que se encontram limitadas ou incapacitadas, como por exemplo: atraso no desenvolvimento de capacidades cognitivas, de socialização, de motricidade, de comunicação.
Assim, nos vários campos da estimulação (auditivo, visual, motor, manual, orofacial, cognitivo e de linguagem), a ludicidade aparece como pressuposto comum, uma vez que, ela (a ludicidade) não é propriamente ou apenas uma estratégia de trabalho, mas uma característica da infância: o desenvolvimento das crianças é lúdico, condição que fornece flexibilidade perceptiva e imaginativa, favorecendo a vivência inaugural das relações com o outro e com o mundo, bem como a fabulação e a criatividade.
A busca por novos métodos e materiais que instiguem ainda mais a autonomia da criança é uma constante no trabalho do professor de educação especial, sendo que a proposta é inovar a qualidade de estímulos oferecidos às crianças acometidas com atrasos em seu desenvolvimento neuropsicomotor, para que as mesmas vivenciem experiências ricas e concretas, num ambiente motivacional pensado para atender as necessidades individuais de cada criança.
Neste ano o serviço de Estimulação Precoce da Apae de Pomerode fez uma inovação em sua metodologia de ensino. Estruturou-se uma sala de aula voltada para o desenvolvimento do intelecto e da autonomia da criança com deficiência, baseada na pedagogia de Maria Montessori.
A pedagogia de Maria Montessori “defende que o caminho do intelecto passa pelas mãos, porque é por meio do movimento e do toque que as crianças exploram e decodificam o mundo ao seu redor” (FERRARI 2008, p.32). Seu método se utiliza de mobília e materiais concretos, para que, a partir deles, a criança abstraia seu próprio conhecimento. Estes materiais são usados pelas crianças durante atividades nas mesas ou “tapetes”, que se destinam a delimitar o espaço físico de trabalho das crianças, bem como proporcionar um ambiente limpo e seguro, sobre os quais serão efetivadas atividades com os materiais propostos. (ANGOTTI, 2005, p. 65).
A sala de aula é organizada em ambientes distintos que oferecem a exploração de materiais nas seguintes áreas: linguagem, vida prática, sensório perceptiva, conhecimento de mundo e matemática.
Sendo assim, a organização escolar montessoriana e os seus materiais pedagógicos têm como objetivo auxiliar no desenvolvimento da personalidade da criança, proporcionando um ambiente pensado para atender às suas necessidades, através de atividades que a partir do concreto ajudam no desenvolvimento das funções executivas, como a memória, a atenção, a concentração, o raciocínio lógico, a resolução de problemas, a imaginação, a criatividade e o pensamento abstrato.