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Como o professor da Educação Especial está enfrentando esta pandemia

Meu nome é Luciana, sou professora na APAE há 22 anos, hoje quero compartilhar com vocês o meu relato enquanto professora de Educação Especial, como aconteceu e está acontecendo este processo de reconstrução da prática pedagógica referente ao enfrentamento desta pandemia. O inicio da pandemia foi um choque bem grande, acredito que ninguém estava preparado para uma coisa dessas quanto menos eu, quem diria que nós iríamos viver um momento assim, me refiro a respeito da sociedade em geral, mas principalmente enquanto professor de sala de aula e aluno, nunca em meus devaneios teríamos que passar por um momento assim de isolamento social, penso que esse foi um dos grandes desafios no início da pandemia, se isolar em casa com uma sensação de medo, alimentando até um certo pânico, enfim, superou-se essa primeira etapa do isolamento e medo. Iniciaram-se as atividades remotas, que foi outro desafio bem grande, porque você está no dia a dia, olho no olho com esse aluno, acompanhando sua evolução, avaliando ele diariamente é uma coisa, agora, você trabalhando de forma remota, tendo apenas um breve retorno de atividades por parte deste aluno, você não tem certeza até que ponto esse aluno consegue desenvolver essa atividade sozinho, quanto ele abstraiu de conhecimento. Como se avalia uma situação dessas? Eu não tenho ideia de como podemos avaliar de forma assertiva.

Trabalho na Apae com alunos com autismo (TEA) em sua grande maioria nível 1, alguns com uma deficiência intelectual leve associada, a maioria deles concluiu ou está concluindo o ensino médio, estou preparando esses alunos para a inserção no mercado de trabalho, dentro das vagas especiais (lei de cotas). A solução que encontrei para que o atendimento remoto acontecesse de forma mais próxima do aluno, foi a utilização do grupo de WhatsApp da turma, que já existia há algum tempo para uso de avisos, conversas, trocas (vale salientar que 99% da turma possui celular próprio com internet). Comecei então a produzir vídeoaulas abordando os conteúdos referentes a preparação para o mercado de trabalho. De início foi bastante desafiante, porque você entrar em uma sala de aula, ter aquele contato direto com o aluno, explicar um conteúdo, trabalhar com ele de forma prática, ter uma resposta instantânea, é com certeza muito mais gratificante e assertiva, do que você produzir uma vídeoaula, onde necessita repensar o tempo inteiro, se aquilo que você está colocando na sua vídeoaula vai atingir o aluno de uma forma positiva, esse aluno vai conseguir interiorizar esse conhecimento, fazer a sinapse necessária para te dar uma devolutiva na qual você perceba realmente evoluções neste aluno. Essa devolutiva é um grande desafio nas atividades remotas, precisamos aguardar o retorno do aluno, já em sala de aula sabemos o quanto o nosso aluno está evoluindo, estamos na frente acompanhando o processo de aprendizagem. Nas atividades remotas isto não acontece de forma clara.

Outro grande desafio também que encontrei durante o trabalho remoto, foi cativar o meu aluno para que ele não desista do atendimento remoto. Já estamos praticamente há um ano de atendimento remoto, os alunos começam a perder o comprometimento com o retorno das atividades, mas não porque a aula do professor não está atrativa, mas sim, porque o próprio aluno vai desanimando da situação de isolamento que ele está vivendo. A solução que encontrei para este desafio e está dando ótimos resultados é uma vídeochamada em particular para o aluno, olho no olho, conversar apenas com esse aluno em questão, mostrar o quanto eu me importo com as devolutivas dele, essa mudança de olhar e atitude da minha parte trouxe mais amorosidade e comprometimento do aluno no processo de ensino e aprendizagem.

Enfim, ser professor de Educação Especial em tempos de pandemia é com certeza se reinventar, é acreditar que o papel do professor não é cumprir apenas um plano de aula, mas inovar, se aproximar do aluno e da sua família. O verdadeiro professor que quer educar se adapta a todas as adversidades dessa vida, com ou sem pandemia. É amor, vocação e sede de transformar vidas antes de qualquer coisa.

*Professora Luciana Riemer da Cruz

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