sábado, 14 de junho de 2025
15.1 C
Pomerode
sábado, 14 de junho de 2025
15.1 C
Pomerode
15.1 C
Pomerode
sábado, 14 de junho de 2025

Autismo e suas singularidades

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, ou simplesmente Dia Mundial do Autismo, é comemorado em 2 de abril. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 18 de dezembro de 2007, com o intuito de alertar a sociedade e governantes sobre o transtorno do neurodesenvolvimento (o Transtorno do Espectro Autista), ajudando assim, a derrubar preconceitos e esclarecer a todos.

O autismo pode ser definido como uma condição comportamental em que a criança ou adulto apresenta prejuízos ou alterações básicas de comportamento e interação social, dificuldades na comunicação (aquisição de linguagem verbal e não verbal), alterações de cognição e presença de comportamentos repetitivos ou estereotipados. É preciso entender que existe um atraso significativo nos marcos de desenvolvimento dessas habilidades e que essas características aparecem nos primeiros anos de vida da criança. O diagnóstico do autismo é clínico, depende de uma minuciosa avaliação comportamental da criança e da entrevista com os pais. Durante a avaliação comportamental, o médico e sua equipe fazem um rastreamento do desenvolvimento da criança, buscando identificar se ela está aprendendo as habilidades básicas referentes à fala, à linguagem corporal, ao comportamento social, à cognição e empatia. Um atraso em duas ou mais dessas áreas pode ser sinal de problema de desenvolvimento.

Como professora de educação especial na Apae de Pomerode, convivo diariamente com crianças acometidas pelo Transtorno do Espectro Autista, sendo que viver no mundo do autismo é falar muitas vezes sem obter resposta do aluno, é fazer algo engraçado, cantar, brincar, fazer jogos de imitação, com o intuito de chamar a atenção da criança, para que ela vincule comigo e posteriormente se sinta motivada a interagir. A caminhada é longa, e nem todos os dias são fáceis, o sentimento de medo e incerteza também me acompanha às vezes; mas a grande diferença é saber que o autismo não é uma doença, mas uma característica muito particular, que acomete cada criança de maneira única, portanto, aprender a administrar o estresse diário, conhecer estratégias e técnicas de manejo de comportamento são essenciais para a busca de uma harmonia necessária para auxiliar nossos anjos azuis a se desenvolverem.

Digo sempre às pessoas que convivem e trabalham comigo, que o autismo toca profundamente a minha alma e o meu coração. Receber uma criança com este diagnóstico é ter a oportunidade de aprender com ela diariamente: novas formas de se comunicar, pois os olhos de um autista falam o tempo todo o que a boca ainda não está preparada para dizer; o corpo de uma criança autista sente tudo ao mesmo tempo; e é preciso ser uma boa observadora para perceber a necessidade da criança no momento (seja um choro, que pode estar associado ao ato de sede ou fome), ou uma estereotipia, como por exemplo correr em círculo para expressar uma alegria, sabendo que isto faz parte do processo de autorregulação da criança e de que é necessário respeitar essas singularidades. Ser professora de crianças com autismo é saber se colocar no lugar da criança, é saber que ela não vai aprender da mesma forma que os outros alunos, que a educação dela está centrada no processo de aprendizagem: de aquisição de novas habilidades, sejam elas sociais, de linguagem, de autocuidados, de autonomia e independência e não no resultado, pois nem sempre ele virá de maneira rápida e como esperamos. É maravilhoso aprender diariamente com a criança com autismo!

* Professora Maira Elaine Schlüter

Receba notícias direto no seu celular, através dos nossos grupos. Escolha a sua opção:

WhatsApp

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques

Últimas notícias