Talvez a mais dura das pelejas cotidianas: saber, com certeza, se trancou a porta, desligou a cafeteira, fechou o portão, tirou a carne para descongelar e por aí vai. Se já cometi o absurdo de deixar a porta aberta? Sim! E fica pior. Já deixei aberta, com a chave na fechadura. Ao perceber o lapso, como diria Galvão Bueno, o coração chegou a errar as batidas.
Estou na fase de falar em voz alta: estou desligando a cafeteira, estou fechando as janelas, acabei de trancar a porta. E fica pior. Tem dias que eu entro no carro, saio da garagem e aí vem a dúvida. O que eu faço? Paro o carro no pátio e vou correndo forçar o trinco da porta. E, acreditem, fica pior. Pois tem vezes que a dúvida é se desliguei a cafeteira, aí tenho que destrancar a porta, entrar, checar a tomada da cafeteira, aí fecho a porta, meia volta para a segunda checagem no trinco da porta e, aí, finalmente, saio para trabalhar.
Vocês também travam essa batalha com suas memórias de curto prazo? Para o restante, a cachola costuma funcionar bem, mas nesses casos, misericórdia. É cada dúvida que invade a alma.
Por vezes, penso que essa dúvida não existia quando era criança pelo fato de que, grande parte das vezes, não era eu quem trancava a porta. Ou talvez a coisa esteja degringolando mesmo (risos).