Segura as lágrimas, esse não é o momento de deixá-las cair. Concentra na escrita, corre atrás das informações, publica. As pessoas precisam saber, elas estão com medo. Diz pra elas o que aconteceu, e o que não aconteceu, e não chora.
Não pensa em todas as crianças que você ama, não pensa nas suas afilhadas, não pensa nos som das risadas delas, não pensa que quando você for mãe, também precisará deixar sua joia mais preciosa longe de ti enquanto trabalhas.
Ignora o ímpeto de imaginar o horror vivido por aquelas professoras, tentando salvar as crianças. Ou no desespero dos pais, correndo para descobrir se o filho/filha estava entre os vivos ou entre mortos.
Nem pense em parar para pensar, a parada é inimiga da eficiência nessas horas. Coração de pedra, pelo menos até o dia chegar ao fim.
Aliás, dias como esses têm fim? Em algum momento a gente esquece? Para de temer? Para de pensar nessas famílias, na dor deles? A gente esquece a sensação de coração esmagado? A vontade de dar um abraço? A gente esquece a raiva?
A crônica da semana seria sobre Páscoa, sobre o sabor da infância. Quando penso nisso, a pontada no peito é ainda maior. Que Deus conforte as famílias que perderam parte de si nessa tragédia.