Sabe aquele tipo de pessoa que, mesmo falando ao telefone apenas por chamada de voz, não para de gesticular? Sou eu. É como se, sem gestos, aquilo que pretendo dizer se tornasse incompleto. A habilidade, acredito, é uma herança de minha descendência italiana.
Parece que a comunicação depende do corpo todo, não apenas da voz em si, ou da expressão facial, mas até mesmo dos movimentos com as pernas, a postura da coluna. Não sei explicar, mas conversar, para mim, é coisa de corpo inteiro.
Sinto-me particularmente incompleta sem “falar com as mãos”, mas confesso que, por vezes, esse hábito me coloca em enrascadas. Quem “vez em sempre” acerta um tapa no copo que está sobre a mesa durante as reuniões sociais? Eu, claro! Quem já conseguiu esbofetear o braço de completos estranhos num ambiente lotado? Eu, com certeza! Quem já acertou o olho do namorado enquanto contava algo engraçado? Acho que já deu pra entender né?
É cada situação embaraçosa. Depois elas até rendem piadas e histórias para contar (com ainda mais gestos), mas na hora, dá vontade de bancar o Homer Simpson sumindo por entre os arbustos (você já deve ter visto esse meme/figurinha em algum momento da vida. Caso não tenha, é aquela cara da comédia animada “Os Simpsons” que passa há décadas na televisão, sumindo de costas por entre os arbustos do jardim).
Tenho trabalhado para que esses gestos sejam um tanto menos expansivos, para parar de parecer o Renato Russo (in memoriam) durante os shows da Legião Urbana. É um trabalho em construção, afinal são mais de três décadas de costume, não vai ser do dia pra noite.
Enquanto isso eu sigo tentando me comunicar sem causar estragos às pessoas e objetos próximos a mim (risos).