Desde criança gosto mais de ouvir do que de falar (colegas de trabalho e amigos próximos, shhh, meus episódios de tagarelice não precisam vir a público). Escutar sempre me pareceu mais produtivo que proferir palavras. Mas então percebi que não basta ouvir e ver, é preciso reparar.
Reparar é uma arte que escapa por entre os dedos na correria, reparar é difícil. “Tal pessoa” disse… Mas você REPAROU se a “tal pessoa” faz o que diz? “Tal pessoa” fez aquilo em frente a todos… mas você REPAROU se a tal pessoa faz também quando não há observadores? “Tal pessoa” me deu um conselho… REPAROU se ela segue os conselhos que distribui? “Tal pessoa” me apresentou uma oportunidade de negócios… REPAROU se ela atua nessa área e tem sucesso nela? Sigo “tal pessoa” nas redes sociais… E na vida real, é possível REPARAR em como a “tal pessoa” realmente se comporta?
Viu? Reparar é difícil! Exige silêncio, um passo atrás, um questionamento incômodo, cobra que você ouça além da voz, enxergue além da imagem e desconfie antes de confiar. Palavras podem iludir, ações calculadas podem maquiar, mas no fundo, a essência de uma pessoa está sempre presente. Escapa nas frestas da alma, breves momentos de verdade visíveis apenas por aqueles dispostos a reparar.
Utilizei propositalmente a palavra “dispostos” em lugar de “capazes”. Pois capazes de reparar somos todos, mas, como eu disse, é incômodo e desgastante. Quantas vezes você já reparou e deixou para lá? A atitude de um pretendente a namorado(a) que te desagradou, mas, em favor da paixão, a situação foi deixada de lado… Um amigo, um professor, um vizinho, quantas vezes você até reparou, mas deixou pra lá e se arrependeu mais tarde.
Reparar cobra um preço, mas não preparar cobra dobrado. Vê, ouve, repara!