Nessa semana, estava conversando com uma pessoa que me relatou o seguinte: “os outros sempre dizem que eu pareço brava. Mas não sou”. Logo me identifiquei.
Possuo uma expressão facial que, na ausência de um escancarado sorriso, tende a transmitir a face de uma pessoa possuída pelo ódio, pelo tédio ou, simplesmente, mal humorada. Mas não, geralmente estou apenas concentrada ou, na pior das hipóteses, séria.
Por vezes, observo a mim mesma em fotos capturadas sem aviso e penso: eu também não falaria comigo, ô cara de “nenonho”! Aí busco na memória o que “diabos” estava pensando naquele momento e lembro ser sempre algo extremamente longe de qualquer sentimento de raiva ou desaprovação, por exemplo: que palestra interessante! O que ele falou mesmo? Não posso esquecer de passar no mercado, tá faltando pão em casa! Tomara que não chova, tenho que lavar roupa. Que título coloco nessa matéria?
Geralmente caio na gargalhada após essas análises. Ultimamente, tenho me policiado para, ao andar pela rua ou estar em um evento social, preservar um “semi sorriso”. Não o suficiente para parecer estar rindo de uma piada, apenas uma leve inclinação de lábio para afastar a carranca com a qual fui agraciada.
Não sei se surte efeito, mas ultimamente tenho ouvido menos a expressão: nossa, achei que você era bem brava. De certa forma, foi bom saber que não sou a única a sofrer desse infortúnio. E assim seguimos.