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A visita surpresa da “Dona Febre”

Ter uma boa imunidade nunca fez parte das minhas qualidades, ainda assim, costumo atravessar os perrengues sem a companhia de um termômetro apitando. Eis que, depois de anos, a febre voltou. E voltou do nada, sem avisar, como quem entra na casa da gente de chinelo e sem bater.

O primeiro sinal foi um frio sem razão de existir, acompanhado de uma tremedeira estranha, bem no meio do dia. Pensei: “talvez as demais pessoas não tenham sentido que o tempo esfriou.” Depois: “Talvez o estresse.” Mais tarde, quando comecei a considerar se era psicológico, espiritual ou hormonal, entendi: era febre. Daquelas que fazem a alma suar.

Só que agora a febre não encontra mais aquela jovem de 15 anos com tempo para se jogar no sofá e assistir televisão. Ela me encontrou com 36 anos, trabalho atrasado, pouca força de reação e um bebê de um ano que acha que meu cabelo é uma alça para escalar minha cabeça.

Não consegui resistir bravamente e acabei na cama, claro. Enquanto me escondia embaixo do cobertor que misteriosamente parecia ter perdido a função para o qual foi desenvolvido, eu tremia e questionava o motivo pelo qual o universo estava contra mim. Quando meu bebê chegou da escolinha, correu até a mesa para pegar um livro e trouxe até a cama – “a bi su, bish ta dun si”, disse ele naquela língua que as pessoas juram que as mães entendem. Pelo contexto da cena, pergunte: “você quer ler?”. A cabecinha balançando em sinal positivo me levou a indicar uma solução rápida: “pede pro papai ler com você.”

Enquanto isso, eu desfrutava dos brindes trazidos pela febre: uma dor no corpo que me fez sentir como se eu tivesse carregado uma máquina de lavar escada acima, dormido em cima dela e depois ido trabalhar com ela nas costas. Mas trouxe também um lembrete singelo da fragilidade da vida adulta: a gente acha que está no controle, até o dia em que o termômetro apita 39°C e o bebê decide que hoje é o dia de testar os limites da Lei da Gravidade com o controle remoto.

Melhorei, mas me mantive um tanto quanto dramática acerca da situação. Não gostei, devo admitir.

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