Nem crônica, nem verso, nem prosa. Quando a esperança resta no latido de um cão e o acolhimento precisa ser emprestado por braços estranhos, o mundo perde a cor e o sentido das palavras escapa com o sopro da mais leve brisa.
Enquanto a mão do meu filho segura a minha, transmitindo calor e afrouxando a pegada à medida que o sono vai se tornando profundo, acaricio os dedos pequeninos e gorduchos e penso: como um terreno baldio pode assumir contornos tão cruéis?
O que sentiu aquela inocente alma humana antes que outra inocente alma, dessa vez canina, buscasse por ajuda?
Não podemos julgar (tarefa difícil, ainda assim, imprescindível), além disso, a investigação corre em segredo de justiça por envolver um menor de idade. Dos motivos, nada se sabe. Da humanidade, sabe-se menos ainda.
Se você que me acompanhou até aqui ainda não percebeu, meu coração quebrou em mil e um pedaços quando escrevi (com base nas informações da polícia) a triste notícia do abandono de incapaz envolvendo um bebê recém-nascido no Alto Vale.
O meu peito ainda dói, tem horas do dia que esqueço o motivo para, logo em seguida, relembro e me entristeço cada vez mais. Como eu disse antes, procuro não julgar e não é raiva o sentimento que me invade… Mas sim tristeza, por pensar nos instantes em que aquela criança indefesa precisou enfrentar o mundo sozinha.
A dor pela vida inocente

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