98 anos e ainda pregando peças nos netos
Uma casa cheia de vida, com “trânsito” para entrar e sair, crianças correndo por todos os lados, abraços apertados para matar a saudade imposta pelos últimos dois anos e atualizações infinitas sobre a vida dos primos e tios. Mas, acima de tudo, a celebração infinitamente maravilhosa pelo privilégio de comemorar os 98 anos da nona Rita (minha avó materna, Rita Cerutti dos Santos).
A força e a mobilidade das pernas já não são como antes, até a memória falha vez ou outra, mas o sorriso e a sagacidade, ah, essas estão lá. “Mas pra quê tu foi comprar presente?”, disse ela assim que cheguei e entreguei o embrulho e dei um beijo na bochecha desejando um feliz aniversário. “Me disseram que sem presente não poderia passar da porta!”, respondi, de caso pensado, só para ouvir o som da gargalhada enchendo o ambiente de alegria.
Lasanha pra cá, pastelão pra lá, separa os garfos e facas, tenta contar o pessoal e perde a conta, coloca todos os pratos que tiver e que Deus ajude a serem suficientes. Bolo, brigadeiros, tortas, fotos e mais fotos. Um dia repleto do mais puro sentido de festa de família.
Amei todos os momentos, mas o meu favorito ocorreu pertinho da varanda, bem quando fui ao banheiro, mas, graças a Deus, minha família é versada na arte de transmitir informações. Estavam a nona, alguns primos e bisnetos dela em volta. Lá pelas tantas, minha irmã se distrai e ouve da nona: “o que tu tem ali nesse bolso?”. Sem entender nada, ela responde: “a manteiga de cacau só.” Mas, ao trazer para fora os pertences, ela percebe algo que não deveria estar ali.
A danada da nona tirou o anel do dedo e jogou dentro do bolso da Andressa. E se divertiu muito com isso, assim como todos nós! Que tamanha bênção temos pela oportunidade dessa convivência, de sentir esse amor, de compartilhar essas risadas, de ouvir sobre outros tempos, de ouvir os elogios cheios de amor, mas engraçados: “você está cada vez mais bonita, bem gordinha!”. Tudo isso não tem preço e certamente impacta na forma como todos os integrantes da família enxergam o mundo.
Agradeço a todo momento por essa dádiva e peço que Deus ainda nos permita mais momentos como esse!
98 anos e ainda pregando peças nos netos

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Que benção ela estar assim tão lúcida.
Ela é tia da minha mãe. Hoje por coincidência estava recordando das visitas que a gente fazia pra ela e para o tio Beijamim.