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Inércia dolosa

O que é isso de estupro culposo? Essa foi a pergunta que me vi obrigado a fazer durante o início dessa semana. Que cargas d’água é isso, de fato, ainda custo a entender. Como de costume, fui buscar mais informações e me deparei com todo o relato do caso, incluindo as notas oficiais do advogado envolvido no caso e do Ministério Público.  

Pois bem, a sentença relacionada ao caso Mari Ferrer não menciona estupro culposo, não é uma terminologia do âmbito judicial. Ufa? Que nada! Infelizmente, saber disso não suaviza em nada todo o restante dos fatos. O que aquela mulher passou durante o julgamento, ao menos durante o trecho divulgado, é desumano, cruel e nos expõe como uma sociedade que perdeu completamente o rumo.

A partir daqui, nós, que nascemos homens, temos dois caminhos a seguir. O primeiro é agradecer ao universo por isso, ou seja, por termos nascido homens. Então apenas seguimos nossas vidas fingido que não ter nada a ver com isso e, caso tenhamos filhas, torcemos para que elas nunca tenham que passar por situação semelhante a de Mari, inclusive incluindo em nosso pensamento a frase: “filha minha nunca estará nessa situação”. Ignorando o fato de que, se não agirmos, elas em algum momento terão que lidar com esse tipo de boçal, ainda que não termine em estupro – culposo ou doloso.

O segundo caminho é o de aceitar de uma vez por todas que a inércia é dolosa (não culposa) e imperdoável. Pergunte a qualquer mulher: a piada de mal gosto ofende, o “elogio” com cunho sexual ofende, o abraço não consentido ofende, a perseguição após o fim da relação ofende.

Ah, mas é mi mi mi. O mi mi mi é de todos que ainda não entenderam que o limite de cada um termina no exato ponto em que começa a liberdade de escolha do outro. A partir de hoje, quando fizer uma piada ou um “elogio” a uma mulher, pergunte a si mesmo: eu gostaria que o alvo destes fosse minha mãe ou minha filha? Por aí você já começa a nivelar o quanto o filtro que mede as palavras proferidas por sua boca precisa de ajustes. 

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