Mais uma vez, a bomba… – O amigo se aproxima, diz algumas amenidades e me pergunta: – Te lembras do Dr. Fulano? Claro que me lembro, bah, se me lembro, é claro. E quando ia dizer um pouco mais sobre o Dr. Fulano, o amigo me diz, seco: – Pois é, cara, ele se matou hoje de manhã!… Mais um.
Sim, eu sei, desde Adão e Eva no paraíso as pessoas se matam, mas… Não vou dissertar sobre o que penso do suicídio, nem das razões das pessoas, elas são, mais das vezes, constrangedoras… Deixemos assim e pensemos no mundo em que vivemos. Completamente louco. Aliás, uma pessoa certa, equilibrada, sensata tanto quanto possível, vive hoje muito mal. Ela é tomada por diferente, por excêntrica, por isso e por aquilo e acaba isolada. Uma pessoa equilibrada, de bem consigo mesma, uma pessoa sem o vício dos modismos, sem as dependências do consumismo, uma pessoa respeitosa e respeitável, uma pessoa do bem vive hoje muito mal. Vive mal porque é rejeitada, suspeita, não tem parceiros.
Aliás, ontem, lendo uma página de economia de um dos nossos jornais, parei os olhos sobre uma notícia que trazia este título: – Alimentação saudável é um mercado que não para de crescer”. Então, vamos lá. A velha história de sempre, Hipócrates, o médico tomado como o padrinho da Medicina ocidental. Hipócrates sentenciava: – Que o teu alimento seja o teu medicamento!
Não vou discordar, mas… Há muito modismo por aí, nem vou citar a estupidez coletiva de hoje contra o glúten. O “desinformado” nem sabe o que é glúten e o evita… Credo! Digamos, todavia, que faz bem à saúde escolher melhor o que comemos, não comer tanto, isso e mais aquilo, porém… Cuidar da boca e do que colocamos sobre a mesa é uma coisa, outra coisa, bem mais venenosa, é o que “comemos” em ideias, pensamentos, valores, neuroses de todo tipo e que com eles entupimos a mente e os nossos emocionais. É isso o que está matando as pessoas como pestes a bichos…
As pessoas, os metidos, os sabichões, os isto e aquilo, andam fora da casinha, mas se achando. Os valores morais e sociais estão fora do prumo e com eles as pessoas. É isso o que mais está matando e não os alimentos da mesa. Quanto ao Dr. Fulano, não tinha razões para se matar… Não as tinha por fora, coitado.