Ando com pressa, e como não tenho muito tempo e imagino que você também não, já lhe vou fazer uma pergunta para encurtar caminho: – “De zero a 10, que nota você dá para a sua vida”? Sim, eu sei, não dá para responder sem pensar. Dou-lhe um tempo.
Essa pergunta simples, todavia, embaraçosa, é uma das perguntas que o pessoal da ONU faz às populações das nações pesquisadas para o levantamento anual sobre Felicidade, chama-se Relatório Mundial da Felicidade.
A primeira questão a nos travar uma boa nota para avaliar a nossa felicidade é que costumamos dar muito valor a um pequeno espinho a nos incomodar na ponta de um dedo. Avaliamos a nossa felicidade, que deve ser o resumo de um todo, a partir de pequenos incômodos do dia a dia. E não foi por outra razão que um dia Ataulfo Alves cantou o samba inesquecível, aquele que a certa altura diz – “Eu era feliz e não sabia”. Nós vemos muito e costumamos não ver o importante.
A felicidade já foi definida como “momentos”, se ela fosse retilínea seria paraíso, mas… Também já foi dito que nada poderia ser mais aborrecido que um paraíso com felicidade retilínea, sem intervalos. Aliás, são incontáveis os homens e mulheres que depois do divórcio olharam para trás e suspiraram por uma reconciliação, descobriram que eram felizes, apesar de tudo…, e não sabiam…
E gosto muito de uma frase de Aristóteles, o grego pensador. Ele dizia, e concordo com ele da cabeça aos sapatos, que “A verdadeira felicidade só pode existir em uma vida com sentido”. E o primeiro sentido, vivo dizendo, é o trabalho, um trabalho, seja ele qual for, por dinheiro ou sem dinheiro, mas algo que nos incendeie por dentro. Se o saldo bancário resolvesse o problema, os ricos estariam com nota 10 na vida, sabemos que são raros os com essa nota, pelo contrário, muitos estão mais no zero que acima disso… Muito dinheiro e pouca vida, felicidade escassa ou quase nula.
E vamos terminar esta conversa, leitora, leitor, com o velho conceito de sempre: felicidade é um modo de ser e sentir. Se não for assim, a pessoa poderá estar pintada de ouro e sentir-se-á miserável. E sabes o que acho? Graças a Deus que é assim…
É, mas você ainda tem dívidas sobre sua nota, mas não esqueça que ela pode ser 10, depende só de você, de seu modo de pensar.
VÍRGULA
A filha estava lá dentro, estudando Português. De repente, ela vem à sala pedir ajuda ao pai. Pai, me traduz esta questão sobre vírgulas: – “Usa-se a vírgula nas orações coordenadas aditivas iniciadas pela conjunção e quando os sujeitos forem diferentes e quando o e for repetido…”. O pai pediu um tempo e foi buscar uma cerveja… E digo daqui: vírgulas, e tudo o mais, se aprende a usá-las lendo bons textos e prestando muita atenção a tudo. O aprendizado será prazeroso e sem problemas mais tarde. Afinal, quando aprendemos o que é certo nem sabemos o que é errado…
TEVÊS
Manchete de caderno econômico: – “Venda de TVs deve aumentar 22% com a Copa”. Legal, mas e quando é que vão dizer que os livros vão ter aumento de “consumo”? Sem livros, companheiros, sem leituras, vão continuar comprando televisores para ver humorísticos, morrer de rir e depois tomar uma cerveja. Povinho pobre!
FALTA DIZER
Depois o implicante sou eu. Ouça esta outra manchete, da DataFolha: – “Jovens de hoje entre 16-24 anos pensam em se aposentar antes dos 60 anos”. Vidas vazias, vadios e com certeza da esquerda anticapitalista…