A única certeza
Cheguei, cumprimentei a nossa recepcionista aqui do Grupo ND, uma jovem aprendiz, acabou de completar 18 anos, e fui ao café, logo adiante. Três, quatro colegas e não sei por que diachos a conversa esquentou sobre inseguraças na vida, a dificuldade dos humanos para chegar à certeza. Discussão vai, discussão vem, fiquei feliz porque nenhum dos colegas lembrou da “bruxa”, aquela que nos garante só haver uma certeza na vida… Bruxa horrorosa. A conversa foi indo, foi indo e perdeu força, acabáramos com o café.
Um colega para cada lado, voltei à recepcionista, “a veterana” Nicoli Macedo, 18 anos, e perguntei a ela se ela tinha muitas certezas. E ela me derrubou com a resposta, quase cantarolando, me disse, sem piscar: – “A gente vive em busca de um grande talvez”. Menina, o que é isso! Repete. Ela repetiu. Saí pensando, 18 aninhos e aquela frase na cabeça. Sim, senhor, aquela frase na cabeça. Então, vamos lá.
Vivemos em busca de um grande talvez, disse a jovem aprendiz. E quem a pode contestar? – tudo na vida é um talvez, ou será que você agora tem alguma certeza na vida? Aliás, fazendo um parênteses, ontem passou por mim um carro com um adesivo atrás: – “Casados para sempre”. Fiquei pensando, aí está uma dupla, um casal, que se anestesia com uma fantasia, um casamento para sempre… Será que nos dias de hoje pode acontecer um casamento para sempre? Essa história de vivermos em busca de um grande talvez nos devia fazer pensar sobre o aqui e agora, sobre a importância do viver a palma da mão, o que temos hoje e nada mais. O amanhã é um grande talvez, ninguém jamais o pode ter nas rédeas da vontade, o mais que podemos é alimentar desejos, fantasias, mas tudo na casa do grande talvez.
Mais uma vez o preceito budista do aqui e agora, se nossa saúde está boa, nossa família por perto, nossos amigos, nosso trabalho, nossa liberdade… Isso está agora na palma da nossa mão? Celebremos . Sem pessimismos, amanhã algo poderá estar faltando… E o que nos vai sobrar? Lembranças. Melhor que viver de lembranças ou de fantasias sobre o talvez, é sábio viver a vida do aqui e agora do que temos por perto.
Nicoli Macedo, jovem aprendiz, aprendi uma bela frase contigo.
CRENÇAS
Hoje é sexta-feira 13, dia das bruxas, é isso? Só na cabeça dos crentes da ignorância, mas… Há muita genta que se benze diante do 13. E toda vez que falo disso lembro do Zagalo, o nosso incrivel Zagalo, campeão do mundo como jogador e técnico. Zagalo sempre teve no 13 o seu número da sorte. Já incontáveis pacóvios temem o 13 do “azar”. O azar está na cabeça das pessoas, como de resto qualquer coisa.
ROUPAS
Já há mulheres comprando “calcinhas” amarelas para a passagem do ano, 31 de dezembro. Elas querem riqueza no ano novo. Outras, maioria, vão vestir calcinhas vermelhas, esperam pelo amor em 2020… E algumas outras vão usar calcinhas brancas, elas querem paz, devem ser as casadas… E eles? A mesma cueca da semana.
FALTA DIZER
Não adianta alguém discutir, nós, humanos, só temos crenças, “divinas” ou metafísicas por medo. A inseguraça da vida levou os humanos a criar deuses, religiões, superstições, tudo, em nome do medo da morte, só por isso. Não fosse isso, andaríamos “todos” por aí chutando as latas da vida.