Caretices
Acabei de ler um colega, um cronista. O cara é muito bem informado, perspicaz, atento, e escreve de modo interessante. Um cara que dá leitores ao seu jornal. Aliás, aprendi a ler cronistas/colunistas lendo nada mais nada menos que Nelson Rodrigues, em O Globo. Não é preciso dizer mais, Nelson Rodrigues, o dramaturgo, o cronista provocador, o gênio, Nelson.
Como disse, acabei de ler esse colega talentoso e que mora bem longe daqui… O colega estava criticando frases-feitas, dessas frases batidas, surradas, muito usadas e que, para ele, caracterizam cabeças estreitas, sem citar os vulgares da imprensa. Coaches, então, nem se fala, vazios da cabeça aos sapatos e, é claro, “analfas” incontestáveis… Pois é, mas eu vivo fazendo uso de muitas dessas frases surradas e delas não abro mão pelo imenso sentido que elas têm e que nunca vão perder. Queres um exemplo? Pois não. Evangelho de Marcos 9:23 – “Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê”. Queres frase mais óbvia que essa? Mas será que ela pode ser contestada? Claro que não, todos nós temos sonhos, desejos, esses sonhos e desejos estão “adormecidos” ao meio de nossas potencialidades, capacidades de vir a ser. Se quisermos, se quisermos mesmo, tudo nos será possível. Mas é claro, com muito suor, muito esforço, persistência mesmo. Caso contrário, ficaremos pelo caminho. E foi mais ou menos isso o que o tal colega cronista estava a criticar. Ele usou especialmente de uma frase para ilustrar a critica. Aquela frase batida do – Nunca abandone seu sonho. Ele enfatizava que não há nada mais tolo que essa frase. Não, a frase não é tola, tolos são os desavisados que não se regem por ela. Se tenho um sonho, um desejo, um ideal, por que desistir? Desistir é dar-se por vencido, vencido por que razão? Quando não temos uma causa por que lutar, babaus, a vida acabou. Correr atrás dos ventos de um ideal não é perder tempo como insinua a Bíblia… E tudo são vaidades e correr atrás do vento, diz o livro santo de muita gente. Benditas vaidades, benditos ventos, a cenoura na frente do nosso nariz. Se conseguirmos chegar até ela, vitória, se não, vitória também. Valeu pelo esforço e pela distração do esforço. Quem não sabe que a vida sem esforços é uma vida vazia? Precisamos de frases caretas, sim, colega, precisamos muito…
ELAS
Foi em São Paulo, dia destes. Um homem entrou no vagão feminino do Metrô de São Paulo, não podia. Uma jovem repórter de tevê que estava no vagão estrilou. O cara mandou-a calar a boca, ela não calou, engrossou o caldo e seguranças foram chamamos. O vagabundo foi tirado do vagão rangendo dentes. É assim que faz, mulheres. Nada de ficar quietas diante de vagabundos potencialmente feminicidas… E tenho outra para contar.
TROCO
Esta outra história aconteceu numa delegacia de São Paulo, dia destes. Um vagabundo estuprador homicida chegou algemado à delegacia. A repórter lhe fez uma pergunta e ele deu uma cusparada na cara dela. Ela nem piscou, sentou o microfone na cara dele. É assim que se faz, mulheres : bateu levou. Vagabundos têm que “levar”, na minha delegacia eles levam, ô, se levam…
FALTA DIZER
Há quem creia que nós, ao nascermos, recebemos do “Pai” um roteiro a ser cumprido, uma vez cumprido a pessoa morre. Muitos “filósofos” pensaram, pensaram e concluíram: bom se for assim, quanto menos pressa, quanto menos corrermos na vida, mais tempo viveremos, para cumprir o roteiro. E não estão errados, dentre outras, a pressa eleva a pressão arterial…