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Opinião

Galinhas felizes

Entendo-as e ao mesmo tempo fico irritado. Vou falar de pessoas e de galinhas. A manchete me fez entender algumas pessoas, mas ao mesmo tempo a não aceitá-las. Vou explicar. Ouça esta manchete de um jornal de São Paulo: – “Mais consumidores querem ovo de galinha feliz”.

Antes de ir adiante, uma pergunta: – Existe galinha feliz? Vale dizer, frango feliz, afinal, chamamos de galinha também aos frangos… Existe sim galinha feliz, embora o que mais exista sejam galinhas infelizes. As felizes são as criadas livres, ciscando no pátio, comendo minhocas, encrencando com o galo, cantando e dormindo quietinhas num poleiro. Felicíssimas, mas… Essas galinhas felizes sabem de suas irmãs condenadas ao cativeiro dos aviários, onde milhares delas nunca viram o sol, não sabem o que é ciscar, são condenadas à morte lenta, não sem antes, é claro, envenenar-se com o hormônio do estresse que elas também têm… Pobrezinhas.

Sim, mas por que os consumidores andam a procura das tais galinhas, frangos, felizes? Porque sabem que as galinhas criadas livres são saudáveis e lhes vão passar suas energias limpas, positivas. E olhe, digo mais, no fundo, no fundo me desmintam se esses consumidores não estão também, e inconscientemente, procurando incorporar, pela comida, a felicidade das galinhas felizes.

– O que é isso, Prates, bebeste? Não, não bebi, mas as pessoas andam tão loucas, tão sem norte existencial que podem mesmo até invejar as galinhas felizes. Quem não sabe, afinal, que hoje é muito mais fácil achar uma galinha feliz que um ser humano feliz? – Ah, ia esquecendo, o percentual de produção de galinhas felizes, as criadas livres, não passa de 0,5% da produção total dessas aves no Brasil. As outras, quase 100% da produção, são galinhas (frangos) não felizes, criadas coitadinhas do ovo ao abate em aviários infelizes.

Quantas vezes já questionei aqui sobre a qualidade de remédios e de produtos para o nosso consumo alimentar? Quem me prova que o remédio tal é isso mesmo que diz na bula? Prove-me. E o que levamos para a mesa? Quantos e quantos litros de venenos da lavoura consumimos por dia, mês e ano? E quantos e quantos outros venenos são usados para a preservação de comidas industrializadas? Descobrir os infratores, “descobri-los”… Ah, e galinha feliz é a que morre de velha, ciscando no pátio.

VERDADES 

Um sujeito dizia num programa de televisão que o que as pessoas mais querem é aprender. E ele oferecia um curso. Na outra ponta, uma frase se Sêneca – “Erra aquele que não começa a aprender por supor que já é tarde”. Tudo discutível. As pessoas, por maioria, não querem aprender, e os que se acham velhos na verdade sempre foram e são preguiçosos, desinteressados. Ponto.

ATREVIDOS 

Passei por uma unidade militar no centro de Florianópolis. Faço isso há 35 anos. Muros brancos, nenhum militar à vista, mas… Os muros impecáveis, nenhuma pichação. Por quê? Porque os vagabundos pichadores se mancam, sabem que ali o bicho pega. Se a sociedade “fechar os punhos” e decidir pegar os pichadores ordinários, desaparecerão os riscos em paredes. Vagabundo ousa quando sabe que nada lhe vai acontecer. Não na minha delegacia…

FALTA DIZER 

Publicidade de uma universidade paulista. Dizia assim o texto: – “Com apenas um ano de pós-graduação, o salário de um profissional pode crescer em média 47%”. Não é bem assim. Pós-graduação e nada é quase a mesma coisa; ademais, o que aumenta salário é a qualificação e o denodo da pessoa. Diploma, nunca.

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