Você tem fé?
Se houvesse um pouco mais de intimidade entre nós, leitora, leitor, eu lhes ia fazer uma pergunta. Essa aí de cima, você tem fé? E antes que respondesse, eu diria não, não tem. Ou então, para ser um pouco educado, diria: duvido.
Quando o Cristo chamou os discípulos de homens de pouca fé, ao não andarem por sobre as águas, ele estava passando uma mensagem para a humanidade: – “Vocês têm pouca fé, e quem tem pouca fé é como se não a tivesse”. A fé não admite fragmentação, sim ou não, quem sabe ou talvez… Ou se tem fé ou não se a tem. As pessoas dizem ter fé, mas não têm. Fé é certeza. Essa certeza, todavia, costuma precisar de um agente, seja quem for ou o que for… Jogamos nossas esperanças sobre algo ou alguém, mesmo assim, duvidamos. As pessoas lotam as igrejas, mexem os lábios, mas não têm fé. Quando a pessoa faz uma oração ela na verdade está “conversando” com o agente da sua fé, só que… Não tem certeza de estar sendo ouvida. E, não raro, nesses casos a pessoa faz uma promessa: – Se eu for atendido, vou andar de joelhos daqui até lá, vou ao Santuário de Fátima, em Portugal, vou acender duas velas, vou isso ou vou aquilo… Ora, a promessa é uma dúvida. Quem tem certeza não faz “promessas”, age. Quando faço uma promessa faço uma aposta, uma jogada, como numa loteria. As pessoas no fundo não creem em nada. E sempre que falo disso, lembro-me do Evangelho de Marcos, 9:23 – “Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê”. E o próprio Cristo deixava isso muito claro quando curava um enfermo – “Tua fé te curou”, dizia ele. Por não acreditarmos em nós, em nossa força para operar “todos” os milagres, precisamos então de algo ou de alguém. Pode ser um “santo”, um “deus”, um trevo de quatro folhas, qualquer objeto em que imaginamos um poder, mas o objeto ou a divindade não nos vai dar ou realizar nada, somos nós, nossa força interior que produz os milagres, mas como não acreditamos nisso, recorremos a orações, santos, deuses e superstições de todo tipo. Não temos fé, dizemos que sim, mas nos desmentimos nas ações. Que pena, poderíamos ser muito felizes e de plenos poderes…
PODERES
Tanto não nos conhecemos que é famosa a frase de Sócrates – “Conhece-te a ti mesmo”. Não nos conhecemos, pensamos que sim, mas nossos bloqueios gerados pelo inconsciente (para nossa proteção) evitam esse conhecimento. Mas isso não nos tira os poderes para todas as nossas realizações adormecidas em nossas potencialidades. Se você sentir um “foguinho” por dentro é um sinal, avance o sinal e se realize. Tudo é possível ao que crê…
EQUÍVOCO
Nenhuma psicoterapia ou psicanálise nos muda, somos imutáveis, só mudamos nos secundários, jamais nos fundamentais da personalidade e dos emocionais. E são esses fundamentais que nos encrencam a vida. O que uma psicoterapia nos pode fazer é “aceitar” os nossos incômodos, encrencas. Já é um alívio. Até porque, adultos são “incorrigíveis”. Sem chiados.
FALTA DIZER
Ouvi e tive vontade de jogar uma casca de banana no insensível. Um sujeito se condoía pela doença do pai de um amigo, quando esse amigo fez uma observação desgraçada. Ele disse que o pai já estava com 83 anos, sabes como é, está na idade de morrer… Ele teve coragem de dizer isso. Roguei uma praga para esse filho infame e insensível.
