Trabalho e coração
Fácil me tirar do sério, facílimo. Acabei de bater de frente com uma reportagem de um site de jornalismo que muito me irritou. Um grupelho, desses que se acham, e que devem ser avessos ao trabalho, é só o que posso pensar, propondo uma discussão a partir do seguinte argumento: – Porque “faça o que você ama e nunca terá que trabalhar é uma armadinha”. Essa proposta, milenar, que nos afirma nunca precisarmos trabalhar quando fazemos aquilo de que gostamos, é a mais pura verdade. De outro modo, vamos trabalhar só pelo salário ou outra “vantagem” qualquer, nunca pelas batidas do coração apaixonado pelo que faz. É um pobre infeliz existencial o que faz aquilo de que não gosta, que não tem o coração a pulsar pelo ofício. Um pobre diabo ou uma infeliz vestida de gente…
Já disse aqui, e não estou sozinho, que quando fazemos aquilo de que gostamos nos cansamos menos, nos estressamos menos, adoecemos menos, somos mais longevos e mais felizes. Tudo comprovado a bico de lápis por psicoterapeutas mundiais…
Digo isso e leio um néscio contra-argumentando que posso fazer o de que gosto, mas ganhar muito pouco e que esse muito pouco me vai fazer produzir menos e com menor qualidade, ser infeliz, enfim. Perfeito idiota, ele está confundido salário baixo com caráter. Não é o salário que nos leva ao embotamento no trabalho e à infelicidade, é a inadequação do que fazemos no confronto com nós mesmos. Quando estamos diante do trabalho de que gostamos, somos infinitos.
Há muitos modos de melhorar o salário, o primeiro é apurar a qualificação, quanto mais me qualifico, mais me observam qualificado. Quanto mais qualificado, mais disposição eu tenho para buscar dias melhores, em tudo. Quando, todavia, só trabalho pelo salário, nada me vai satisfazer. Os calças-frouxas que diziam no site que não é verdade que não precisamos trabalhar quando gostamos do que fazemos, não entendem a perspicácia da frase, seu sentido metafórico. Como vão entender, calças-frouxas que são?
Já repeti aqui incontáveis vezes que somos os autores, os roteiristas do nosso destino no trabalho que fazemos, ninguém nos obriga a nada, nem tem poder para isso. Desprezo pelo mandrião que vive olhando no calendário a procurar por feriados e feriadões. Pobres dos preguiçosos, pobres dos fracassados do amor. Do amor por seu trabalho…
FELICIDADE
A turma que diz não ser verdade que não precisam trabalhar os que fazem aquilo de que gostam, argumentam que quando fazemos o de que gostamos a empresa nos tira o couro, nos explora, nos faz exigências descabidas, exageradas. Pois se isso acontecer na área de que gostamos, que nos tirem o couro; vamos crescer mais ainda e ficaremos lado a lado com a felicidade. Será um belo casamento?
PRATA
Autoajuda barata? Que seja! Dia destes, disse aqui que a pior medalha da vida é a medalha de prata, a medalha do 1º entre os perdedores, mas… Tem uma coisa. Você, eu, todos podemos ser medalhas de ouro dentro de nós mesmos… Tudo como resultado da consciência limpa, de fazermos o melhor para sermos o melhor diante de nós mesmos. Uma vitória sobre os pontos frágeis de nós mesmos. Vencer a si mesmo é a melhor das vitórias, mas continuamos a lutar para vencer os outros…
FALTA DIZER
Frase de um representante da Associação Brasileira de Recursos Humanos: – “Pessoas com sofrimentos ou problemas mentais ou de caráter emocional devem procurar um psicólogo ou um psiquiatra, não um coach”. Belo chute na canela dos “nadas”