Nós e o trem
Perguntinha direta, para não perdermos tempo: – Qual, você acha, é a diferença entre nós e um trem? Pô, assim não dá, você tem sempre a resposta certa, não vale. Tens razão, tanto o trem quanto nós temos que andar nos trilhos. Duvido que você discorde. Andar nos trilhos faz bem, ainda que as tentações nos levem a desejar andar fora dos trilhos. Que trilhos? Os do trem você bem os conhece, se o trem bobear descarrila.
E os nossos trilhos? Nossos trilhos nos foram postos pelo caminho pelos pais, avós, os mais velhos, enfim, que nos cercaram e educaram no “Período de Molde”, aquele, famoso…
Fomos vítimas indefesas dos trilhos que nos deram na educação básica, caseira. Mas é claro que podemos trocar de bitola, trocar de trilhos, claro que sim, mas… Cuidado.
Por ter formação em Psicologia, mas, muito mais, por amar essa cienciazinha diabólica, leio e estudo o que posso sobre ela e ela é bandida, já disse, é bruxa má, nada tem da fada madrinha. Nossas “razões” nos tentam, quase nos empurram para que saiamos dos trilhos, mas é bom ir de vagar com o trem dos impulsos. Nem vou dizer dos cuidados que precisamos ter para não “descarrilar no casamento, isso é facílimo. O que há de “corações” vazios, angustiados, disponíveis e dispostos a tudo é uma loucura. Loucura coletiva. Se ela/ele não me quer, há uma fila lá fora me esperando… Será? E essa fila vale a pena? Cuidado. Há multidões por aí que sonharam com o divórcio, chegaram a ele e hoje roem as unhas de arrependimento… É tarde, ele/ela já está em outros braços. Deseja trocar de trilhos, nem que seja só por hoje, cuidado, o “descarrilamento” pode ter consequências muito danosas.
E isso tudo vale para o ambiente de trabalho. Aliás, no ambiente de trabalho, mais do que em outro qualquer, é preciso andar nos trilhos, afinal, quem coloca os trilhos na empresa são os donos ou seus representantes. Trilhos no trabalho são para os servos. – Ah, mas eu não sou servo! Se tens carteira assinada, és sim, és “escravo”, tens que andar nos trilhos.
Andar nos trilhos significa cumprir a lei, não decepcionar, ser ético, confiável, pessoa do bem, enfim. Quem não pode? Qualquer um, menos os canalhas, que hoje, aliás, dominam o Brasil. Pegá-los e dar-lhes um trato, opa, quis dizer devolvê-los aos trilhos…