
Olhando para trás
Fantasmas do passado são os piores. Falta ainda muito tempo para a noite de Ano-Novo, mas… Me veio à cabeça essa noite chata. Chata sim, noite cheia de bebidas, falsos abraços, alegria postiça e… promessas vãs. Foi isso o que me veio à cabeça, as promessas que fazemos, promessas esquecidas e nunca cumpridas. Nem me vou alongar nessa tolice, as pessoas fazendo promessas e já no dia seguinte não lembrando mais delas. Se todos cumprissem com suas promessa da noite de passagem de ano, bah, teríamos uma vida bem melhor, menos ranços e pessoas mais “crescidas”. Mas as promessas das pessoas são como as orações que elas fazem na igreja, pura enganação, mexem os lábios e não mexem com as entranhas, com as tripas da vontade e da vergonha…
Somos, mais das vezes, uma grande enganação, a nós mesmos e aos outros. Moedas falsas.
O que quero dizer é que devemos evitar, tanto quanto possível, deixar o tempo passar e lá adiante, na velhice, olhar para trás e dizer aquelas duas frases demoníacas: Como fui burro, burra! e “Como me arrependo!”. São duas frases em tempo pretérito, frases que nos devolvem às asneiras que fizemos ou às virtudes que deixamos passar…
Quantos, por exemplo, agora se arrependem de não terem estudado como deviam, de não terem aproveitado a juventude, estudado, trabalhado sério, com vontade, quantos? Tempos perdidos? Certamente.
E quantos se arrependem do que fizeram, levados por ímpetos ou burrices da juventude? Paciência, tempo não pode ser recuperado e burrices não podem ser apagadas, mas… O presente está “aqui”, aqui e agora. Ter ideias claras do que de fato vale a pena na vida é uma virtude de poucos, mas também se pode aprender com os tropeções que damos nas pedras do caminho…
Tudo isso sem falar nas pessoas que se arrependem de não terem amado mais, de não terem demonstrado amor por alguém, de terem segurado bons desejos e saudáveis ímpetos por vergonha ou não querer parecer beato ou apaixonado… Tristeza ter esses arrependimentos hoje… Mas nunca é tarde. Vem aí o Ano-Novo, e na noite de 31 de dezembro, quem sabe, podemos renovar nossas esperanças… fazendo promessas. Que babacas!
FRASE
Ontem li uma frase e dela discordei furiosamente. A frase é esta: – “A tragédia da velhice consiste não no fato de sermos velhos, mas sim no fato de ainda nos sentirmos jovens”. Ah, me desculpe, companheiro autor da frase, ter os trejeitos e fazer as tolices que os jovens têm e fazem, sim, é grotesco, é ridículo. Mas manter-se jovem no espírito, atualizar-se diante das novidades, não virar uma folha esmaecida de um passado distante é características das pessoas que envelhecem jovens. No mais, sim, é velhice, caducidade. Ah, e sobretudo, nunca se dar por vencido diante do amor… La pucha!