
Poucos têm fé
Quando é que devemos rezar? Em dois momentos, o primeiro é por gratidão, juntando as mãos e agradecendo ao nosso deus, tenha ele o nome que tiver, pelas graças que temos tido na vida. E nesse caso, todos temos o que agradecer, todos. E o segundo momento em que estamos autorizados a rezar é quando nos vemos diante de um problema duro, difícil, e não temos forças para vencê-lo. Há problemas que dependem do dinheiro, não são os piores. Há problemas que não dependem só de nós resolvê-los e há problemas que, sim, que podemos resolvê-los. Diante destes últimos problemas, os que podemos resolver, jamais juntar as mãos em oração para pedir que Deus nos ajude, resolva para nós. Nesse caso, a oração tem que ter outro viés. Vou explicar.
Há uma pequena oração de que gosto muito, antiquíssima. A oração é simples: – “Deus, dê-me serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar aquelas que posso e sabedoria para saber a diferença entre umas e outras”. Há muita sagacidade nessa pequena oração, na verdade um pedido.
O que nos cabe fazer e resolver, por favor, não peçamos ajuda a ninguém, peçamos, isso sim, no máximo, forças para a ação, a solução do problema tem que ser nossa. De outro modo seria barbada. Seria ajoelhar-se, pedir em oração a Deus ou a quem fosse e aguardar pelo resultado. Negativo. E mesmo quando a pessoa está sem condições físicas de fazer qualquer coisa, ela tem a condição de pensar, de envolver num processo emocional que produz milagres, que produz todos os milagres. Sem a cabeça acreditar não há santo que ajude. Então, que fique claro, o de que mais precisamos é de força, coragem para agir. Mas o que fazem os frouxos? Querem que o santo dê um jeito. E se não der, o cara vai para outra religião, onde ele possa fazer negócios…
Mas que fique claro, todos temos dentro de nós, em estado potencial, sonolento, uma formidável força de realização de projetos, sonhos e até loucuras, boas loucuras. O que falta? Mais das vezes, falta coragem, iniciativa… Vêm daí as multidões que saem em procissão e invadem as igrejas, não vão por fé, vão fazer “negócios” com a fé… Quem tem fé não precisa ir à igreja, arregaça as mangas e faz. Quando reza não pede por milagres, pede por coragem para agir, e no mais, agradecer. E aí os santos todos ajudam.