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Luiz Carlos Prates – 05/10

Sapatos ou chinelos?

Pondo em ordem algumas frases da minha caixa de sapatos repleta delas, curiosa e estranhamente, duas frases se agarraram aos meus dedos, frases irmãs-gêmeas. Antes de dizer das frases, permita-me dar antes alguns giros.

Tenho profundo desprezo por pessoas que vivem gemendo por não ver a hora da aposentadoria. Pessoas que vivem contando os minutos no relógio da vida para chegar ao… nada. A aposentadoria, salvo por invalidez ou doença, é o pior dos males a uma pessoa. O fazer nada, o nada fazer, encurta a vida, provoca consciências que até então passavam batidas e, costumeiramente, levam à depressão. Uma depressão que a pessoa vai jogar às costas de algo ou alguém, sem querer ver a verdade, e a verdade é a nulidade existencial. – Ah, mas eu já trabalhei muito, alguns podem dizer. E daí? Continue trabalhando, ache algo prazeroso para fazer, nem precisa ser por dinheiro, por puro prazer é bem melhor…

As duas frases que se grudaram aos meus dedos quando mexia na minha caixa de sapatos cheia delas, foram estas: – “A primeira prova de que você está aproveitando pouco a vida, é ter mais sapatos do que chinelos”. Santo Deus, que estupidez…

E a outra frase é de um banco vendendo previdência privada, e diz assim: – “Aos 70 anos, com quem você pretende passar seu tempo: com seus netos ou com seu chefe”? Mil vezes com o meu chefe, pobre da pessoa que passa seu tempo “brincando” com os netos, que vazio existencial. Não haverá de ser por velhice que o sujeito faz ou faria isso…

A sociedade tem o vezo de incentivar pessoas a um “conforto” que de conforto nada tem. O nada fazer, senão cuidar de netos, do cachorro ou do jardim é o primeiro passo para o desespero gerado pela consciência do nada, do nada infinito da morte.

Quantas vezes será preciso dizer que a mente desocupada é a oficina do diabo? O trabalho, seja ele qual for, nos distrai, nos eleva a autoestima, nem falo em que nos pode viabilizar uma vida mais confortável.

Dizer que quem tem mais chinelos que sapatos é mais feliz não passa de rebuscada tolice. E dizer que – aos 70 – anos o grande negócio é brincar com os netos, faça-me o favor, só mesmo para vender apólices de Previdência Privada, fora disso… E daí, leitora, vamos lá? A loja está aberta, e os sapatos expostos são lindíssimos, que tal…?

STATUS

No excelente livro – Desejo de Status – de Alain de Botton – na página 43 lê-se: – “… Poucos êxitos são mais intoleráveis do que os êxitos de nossos amigos íntimos”. Podemos contestar da boca para fora, porque no fundo, não tão no fundo, é a mais sacrossanta das verdades. E os que trabalham sabem disso, afinal, temos colegas por todos os lados, mas ai de um deles que… suba degraus na escada em que também nos encontramos. Ninguém quer descer, e descemos quando alguém próxima a nós sobe… Argh!

VERDADE

Há quem diga que somos os nossos desejos, eles nos revelam, eles nos fazem felizes e, sobretudo, nos infelicitam a vida. Desejo não realizado é frustração e frustração abre a porta para as doenças da mente e do corpo. Talvez venha daí o princípio budista de que para chegar ao Nivarma, um paraíso especial, precisamos do desapego, não quero nada, quero a quietude e a paz… Tente, quero ver.

FALTA DIZER

Há três modos de enriquecer: no dinheiro, nos conhecimentos e na espiritualidade… Nos três modos ao mesmo tempo é impossível. O dinheiro não gosta de companhias, ele as exclui… Decida.

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