Elegância e sacrifícios
A tevê está sem som e um homem aparece em cena, numa entrevista, por exemplo… Você saberá dizer de quem se trata? Serás capaz de “adivinhar” de que profissão é o sujeito? Quase sempre, sim, você acertará. Se o tal sujeito estiver de terno e gravata, pode apostar, é advogado. Os advogados têm resistido aos tempos “modernos”, continuam sendo os mais bem-vestidos que andam por aí, pelo menos, é claro, quando estão em serviço. Nisso são admiráveis. Pois é, tudo ia bem, mas… Há movimentos, entre gentalha que bem podem pôr a boa imagem visual dos advogados por água abaixo, como, aliás, tem acontecido com quase todo mundo que anda por aí. Veja esta manchete de um jornal de São Paulo: – “Empresas liberam o uso de bermuda para aplacar o calor – informalidade maior no vestuário chega até a escritórios de advocacia, que dispensam blazer e gravata”.
Quem tem um mínimo de sensibilidade sabe que a elegância exige sacrifícios, que o calor, por forte que seja, não nos deve permitir descuidos com a imagem pessoal. E hoje, mais do que nunca, penso que esse conceito/conselho está jogado na lata de lixo pelos levianos da vida, os que querem colher sem antes ter semeado. Nem vou falar nos descuidos da fala na comunicação interpessoal, nos chulismos e vulgaridades que revelam personalidades, não, não é preciso descer aos pormenores. Basta ter olhos de perceber e ouvidos de escutar, sabemos assim por inteiro de quem está diante de nós.
Você já notou que o “bermudão” sente mais calor que os educados? Já notou que as dengosas gemem o calor? Mas já deve ter notado também que as pessoas elegantes, bem-educadas, não parecem sentir calor ou frio, aliás, o frio é bem amigo das pessoas elegantes, elas ficam ainda melhores com as temperaturas baixas.
As elegâncias andam cada vez mais rasteiras, raríssimos são os homens que levam um lenço no bolso de trás de calça. Lenço? Como é que se escreve isso? Tossem sem cuidados com a boca, espirram, coçam o nariz, o cabelo sujo, as orelhas, os olhos purgantes, tudo de modo “natural”, como se estivessem rezando… E depois estendem as mãos imundas para cumprimentar os outros. Aliás, quem observar por cinco minutos o que uma pessoa faz com as mãos, nunca mais vai apertar a mão de ninguém. Mas, por favor, advogados de bermuda é início do fim. Mas no meu escritório há vagas para eles, vagas na vassoura…