Almas pequenas
Para as crianças e adolescentes a pergunta não tem nenhum sentido, mas a partir de uma “certa idade” a pergunta é a mais significativa: o que vale a pena na vida? Essa a pergunta.
Há anos, entre um cafezinho e outro, faço essa pergunta aos meus amigos. Já ouvi de tudo como resposta, desde – “Ah, Prates, tudo vale a pena. Não lembras do poema de Fernando Pessoa? – Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.
Muito bonito da boca para fora, mas na hora de jogar os motivos sobre a mesa, as pessoas vacilam. E o vacilar começa quando nos encontramos diante de um daqueles desafios da vida, do tipo dá ou desce.
Numa situação desafiadora, contundente, quando não podemos agir, mas apenas orar e esperar, ou nem isso, nos damos conta de que de fato são poucas as coisas boas e a justificar o nosso suor existencial.
Dou estas voltas, leitora, leitor, ao acabar de ler os meus jornais do dia. Duas manchetes me fizeram pensar. Ouça esta primeira manchete, aliás, sobre ela já havia falado aqui, mas ela voltou, ouça: – “Expectativa de vida cai nos Estados Unidos após aumento de suicídio e overdoses”. Diga-me, tem cabimento? Os americanos “ainda” têm um país forte, seguro, economicamente estável, boa terra, enfim, mas… O povo anda dando com a cabeça nas paredes. Drogas e suicídio matando desesperados, o que pode explicar essa loucura coletiva? Talvez a segunda manchete, em outro jornal, possa ajudar. Escute: – “As emoções podem ser a principal causa das patologias humanas”. Quem diz isso é um formidável médico, o dr. Beny Schmidt, americano, que está inovando no tratamento da Esclerose Lateral Amiotrófica, a infernal “Ela”.
Emoções, a base dos nossos desesperos. Povos imemoriais já haviam dito isso. Freud sublinhou essa verdade, afirmando: “Tudo em nossa saúde passa pelas emoções”. Uma pessoa saudável emocionalmente, se fosse possível, não morreria senão de cansaço.
Se fosse possível passar uma vassoura em nossa cabeça, varrer para longe todas as nossas percepções distorcidas, os nossos valores estúpidos, nossos anseios vazios, toda a nossa perda de tempo com o que nada vale, aí estariam a felicidade e a saúde. Quando descobrirmos que o que vale a pena na vida é muito pouco, teremos chegado ao porto seguro da saúde e da felicidade. Mas o que é mesmo que vale a pena?
VALORES
Falei em valores que valem a pena na vida? Bem poucos. Nossa saúde, nossa família, nossos “dois ou três” amigos, ninguém tem mais que isso, nosso trabalho, nossa liberdade… O que mais pode valer uma única gota de suor/sacrifício? Absolutamente nada. Mas… vá dizer isso na fila dos insensatos, será corrido com uma vassoura… Os insensatos sempre foram maioria.
DINHEIRO
Você tem poupança? Se tem, cumprimentos. Se não tem, vais começar quando? Quando ficares velha, velho? Ouça esta manchete do Banco Central – “Menos da metade dos brasileiros tem como levantar dinheiro para emergência”. E levantar dinheiro é ter alguém a quem pedir emprestado ou conseguir o dinheiro no banco. Raros, bem menos que a metade, o BC está fora da casinha… Ah, e por emergência entendamos apenas saúde, hospital, UTI… O mais é gastança de idiotas.
FALTA DIZER
Um mínimo de corrupção ou de favorecimento a corruptos, um mínimo, é motivo suficiente para mandar o vagabundo aos quintos dos… Seja quem for, quem quer que seja. Estamos entendidos? Acho muito bom. Abramos o olho para todos os que vão subir ao “palco” depois das eleições. Cara de honesto não serve, tem que ser honesto.