quinta-feira, 26 de junho de 2025
10.6 C
Pomerode
10.6 C
Pomerode
quinta-feira, 26 de junho de 2025

Coluna do Prates

No colo dela

Vou omitir o nome delas. Os nomes pouco interessam, a história delas, sim, muito nos deve interessar. E quando digo “nos deve” é porque todos estamos no mesmo barco, o barco das emoções e da vida. Nossa cabeça e emoções administram nosso destino.

A história envolve duas mulheres, mãe e filha. A mãe tem 44 anos e a filha “tinha” 24… Eu disse tinha. Essa jovem morreu, dia destes, sofrendo muito, doença brava, implacável, sua morte foi aos poucos, com vários avisos de chegando a hora… A doença da moça era um mistério, mas nem tanto…

A moça não vivia com a mãe, ficou pouco tempo dos seus 24 anos perto dela. Ela morava num Estado, a mãe em outro, separadas nos primeiros meses de vida da menina por razões da imaturidade da mãe… Não se viam, não se tocavam, muitos e muitos anos sem beijos, sem abraços, sem calor, sem vida entre mãe e filha, mas… no fim da vida da moça a doença as uniu, estiveram juntas, com repercussão nacional… Não tenho mínima dúvida de que a moça foi muito infeliz, infelicidade gerada por uma filha não estar ao lado da mãe e de uma mãe não estar ao lado da filha. Podem dizer o que quiserem, mas essa separação – quando as duas bem que podiam estar juntas – arrasou a vida da mocinha.

Dizendo isso, lembro de um livro magnífico – Quem ama não adoece. Esse livro é uma preciosidade, escrito por um médico raro, Marco Aurélio Dias da Silva, pernambucano. O livro é uma abrangente relação das doenças humanas com frustrações e infelicidades. Marco costumava dizer que – “Meus pacientes, quase todos, transmitiam desgosto e desânimo pela vida. Eu sempre descobria neles um traço de desamor, negado, escondido, camuflado, mas presente”. Outra frase dele: – “Nossa felicidade e, por conseguinte, nossa saúde se vinculam intimamente à qualidade das relações que conseguimos manter com as outras pessoas”. Diante dessa verdade, imagine então viver longe da mãe…

Duvido que a linda moça que sofreu tanto no corpo físico quanto na alma tivesse morrido tão cedo e sofrendo tanto se a mãe dela estivesse por perto ao longo dos seus escassos 24 anos. Coitadinha. Nossas doenças costumam entrar em nossos corpos pela porta larga das emoções. Quem ama não adoece, dizia o Dr. Marco. E a pobrezinha da moça não pôde amar a mãe como queria, aposto, junto dela e no colo dela…

Cabeça

Do livro “Quem ama não adoece”: – “Não se adoece por acaso; as doenças vêm atender a uma necessidade interior do indivíduo, embora dificilmente ele tenha consciência disso”. Esse princípio da medicina psicossomática devia ser um mantra na cabeça das pessoas. Nossa resistência imunológica depende de muitos fatores, mas os emocionais são os decisivos. Quem quiser saúde que tenha a cabeça em paz. É para poucos.

Estranho

Muita gente não entende a psicologia do inconsciente e diz que não é possível alguém “desejar” ficar doente… Também acho, desde que o desejo seja consciente. Mas quem decide nos punir é o nosso tribunal moral interno. Ele nos bate o martelo da condenação pelo que fizemos de errado, nos empurra para o sentimento de culpa (inconsciente) e para os reparos de que precisamos para voltar a respirar a paz. Vêm daí as doenças, os fracassos, os tropeços existenciais, de um modo ou de outro. Menos mal que é assim. Ninguém escapa de suas safadezas.

Falta dizer

Chegado numa mesa farta? Então, ouça esta, de um para-choque de caminhão: – “Com faca e garfo cavas teu próprio túmulo”. Oito palavras que valem a saúde e a vida. 

Proibido reproduzir esse conteúdo sem a devida citação da fonte jornalística.

Receba notícias direto no seu celular, através dos nossos grupos. Escolha a sua opção:

WhatsApp

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui