Dia destes, vi cenas de um diálogo na Malhação (a novelinha das 18h da Globo) que me deixaram pensando. Vou resumir o diálogo: – Um pai conversa com a filha adolescente e pergunta sobre o futuro dela, – o que pretendes fazer da tua vida mais tarde? A garota nem piscou para a resposta: – Vou fazer o que eu achar certo!
Estava tomando meu chimarrão. Parei. E agora vou colocar você na roda da conversa. O que é certo para você? Eu já me dei a resposta: nada é certo, nada é errado… E respondo de um ponto de vista cultural, isto é, dos usos e costumes dos povos. Cultura é o que fazemos hoje aqui e outros fazem diferente acolá. Nada é universal em questões de usos e costumes, mas…
Tenho outra pergunta: – Um ladrão que pega o celular de um cidadão e sai correndo, levando-o embora. O ladrão fez o “certo”. O certo para ele… Essa é a questão, temos que considerar as circunstâncias para sentenciar sobre certo e errado. Adão fez certo ao cair na tentação da serpente, afinal, ele queria poder, o poder de Deus, não estava errado. E quem não quer poder? E pelo poder quantos cometem crimes odiosos e dizem que nada fizeram?
Penso, todavia, que há em nós uma garantida intuição para saber sobre o que é certo e errado, temos essa “misteriosa” tendência, mas por razões das nossas mesquinharias de momento avançamos o sinal moral e delinquimos. O vagabundo que rouba o celular argumenta que é pobre, que precisa, isto e mais aquilo, mas ele sabe que está errado, ah, sabe… E por isso ele vai ter vários “celulares” nas orelhas na “minha” delegacia… Quem sabe o que é certo e faz o errado não pode passar impune. E o Código Penal deixa isso muito claro: o desconhecimento da lei não isenta o criminoso da culpa, talvez essa proposição venha da intuição que todos temos sobre o que é certo e o que é errado.
A garota da novela diz que quer na vida o que é certo… Então, pirralha, comeces pelas tuas roupas, pelo teu cabelo, pela tua fala, pela escolha dos amigos, pelos teus pensamentos, obras e omissões… Um recém-nascido sabe direitinho o que é certo e o que é dengo… ah, sabe! Somos demoníacos desde o berço, mas dizemos que somos anjos, inocentes…