Quanto você vale?
Tenho dois fatos para contar, fatos que me fazem lembrar muito agudamente que somos, nós os humanos, condicionados à estupidez. Somos educados para ser estúpidos, para avaliar pessoas por riquezas externas, por exemplo. São raros, não sei se existem, os que educam os filhos a não julgar pelas aparências e muito menos pelos números. Os números em si mesmos nada dizem.
Dou um exemplo. Quanto vale uma pessoa? Se eu disser a você que daqui a pouco lhe vou apresentar um sujeito que tem 1 bilhão de dólares no banco, o que você vai pensar dele? Pode pensar de tudo, provavelmente “respeitá-lo” ao apertar-lhe a mão… O mundo faz isso, mas… O sujeito bem que pode ser um lava-jato…
Vamos aos fatos. Em Santa Rosa, cidade gaúcha, esta semana, um prédio residencial pegou fogo. Coisa rápida, mais rápida que a chegada dos bombeiros. Um pedreiro que andava por perto viu as chamas. Viu por poucos segundos até que escutou um grito de criança em desespero no 3º andar. O menino estava sozinho em casa. O pedreiro, de mãos vazias, sem escada, sem corda, sem nada, mas com determinação, começou a escalar a parede do prédio. Agarrava-se ao que podia e chegou até o terceiro andar, até à janela do apartamento, janela protegida por uma grade.
O pedreiro com uma mão agarrada num trinco externo da janela, com a outra mão puxou até arrancar a grade, pegar o menino debaixo do braço e pular com ele para a calçada. Nem desenhando dá para dizer o que fez o pedreiro. O menino agora está comendo um picolé, faceiro da vida.
Quanto vale esse pedreiro? Será que dá para dizer em dinheiro quanto ele vale? Será que os pais do menino podem “pagá-lo”? Eles já disseram que o pedreiro, de nome Anderson, 25 anos, já foi adotado pela família, será como irmão para o menino salvo e filho para o casal. Bom “preço”, bom “preço”. Como se poderia, de outro modo, pagar pela coragem, pela “loucura” do pedreiro? Ele pôs a vida dele em risco. Quanto vale um ser humano desse tipo? Me diga!
E o outro fato vi no programa Cidade Alerta, da Band. Bombeiros socorristas ficaram, pelo tempo que vi, 40 minutos tentando salvar um jovem afogado numa represa em São Paulo. Tive que sair, eu já estava cansado de ver os socorristas buscando reanimar com massagens cardíacas o jovem afogado. Quanto valem esses anjos da vida alheia? Será que os conseguimos valorizar por números? Claro que não, anjos não têm preço, têm asas de amor. Será que um dia vamos parar de avaliar pessoas pelo saldo bancário?