Voto de confiança
Isso mesmo, voto de confiança, falo muito desse voto nas minhas palestras. É o melhor voto que podemos dar a alguém, é o melhor voto que podemos receber. Um voto especial que nos eleva a autoestima, nos faz felizes, vaidosos até. Daquela vaidade boa, a vaidade que nos chega como reconhecimentos das pessoas. De vez em quando, recebo esse voto, de pessoas conhecidas e até mesmo estranhas. Fico feliz.
Ontem ouvi o desabafo de um pai. Desabafo pesado, desapontado, mas… muito comum. Vivo dizendo que o ser humano não é uma equação exata, o ser humano é de uma matemática inexata. Por mais que alguém invista na educação de uma criança, essa criança poderá crescer para o mal ou não justificar o investimento que com ela foi feito. Vale em sentido contrário, uma criança nasce nos lodos da vida e cresce para o bem, para as excelências. Ainda bem que é assim.
O pai que me procurou contou-me de algumas de suas decepções com dois filhos, ele tem quatro. Todos criados do mesmo modo, mas… Sabemos que nenhum filho é igual ao outro no receber e no devolver. Certos comportamentos não se explicam.
Indiferença, por exemplo. Datas importantes para os pais, filhos desdenham, saem batendo a porta no rumo de seus interesses e os pais que fiquem com seus sentimentos. Num momento seguinte, os gastos indevidos, como se os pais fabricassem dinheiro ou este lhes caísse do céu…
Mais adiante, o pai, gemendo uma dor de coluna, vai lavar o carro da família… O filho, um baita homem, nem aí, faz que não vê, não lava o carro para o pai. A filha finge sentimentos e afeições, mas deixa tudo e vai atrás de um namorado, danem-se as necessidades eventuais da família. Trabalho sério, nada. Desculpas e desculpas, não reconhecem o sacrifício dos pais para lhes dar cama, comida e roupa lavada. Mas esses filhos costumam fazer “teatro”, fingindo envolvimentos com pai e mãe. Já os outros filhos, uns anjos. O que fazer? Meu conselho é puxar a rédea das vantagens, dificultar certas facilidades de até agora, dar uma figa aos filhos mandriões. Não é justo tratar por igual aos desiguais, especialmente quando esses desiguais fazem força pela desigualdade. Ah, e nem de longe deixar a filhos que não merecem qualquer tipo de herança. Ou os pais gastam tudo em vida ou que deem outro jeito. Não se deve deixar nada para filhos safados, ordinários e fingidos.