Erva daninha
Ajeitei o chimarrão e fui esperar pela novela. Um rito meu. Talvez meu único momento de desaceleração durante o dia…
Ah, antes que me esqueça, a erva daninha lá de cima não é a erva do meu chimarrão, essa é boa barbaridade! A erva daninha a que me refiro é a cegueira das pessoas diante do que lhes pode interessar, amores, por exemplo.
Acabei de ouvir uma frase na novela Tempo de Amar e a fique remoendo. Será mesmo? Vou lhe repassar a frase e depois você me diz… A frase, dita por uma protagonista da novela, é esta: – “Quando há amor não pode haver julgamento”. Bah, discordo da cabeça aos sapatos. No amor é que deve haver julgamentos sobre ela ou ele. Se não houver o distanciamento crítico indispensável, esse amor vai acabar sendo um baita tropeço na vida, um tropeço que não vai demorar para acontecer. Quem avisa amigo é…
Curiosa a memória humana, logo que ouvi a tal frase do amor e julgamento, lembrei de uma experiência a que testemunhei, faz tempo isso. Eu já era um baita índio quando o fato aconteceu, foi no Grêmio Náutico Gaúcho, em Porto Alegre.
A historia envolveu um casal de namorados, eu conhecia a garota, a quem vou chamar de Marta, nome fictício. Marta e o namorado estavam num banco perto da piscina, ali, como dois namorados, nada mais, quando… Apareceu um vira-latinha perdido dentro do clube. O cachorrinho veio vindo, veio vindo e por essas estranhas razões da vida, quis sentar-se na frente dos namorados. O rapaz deu um pulo e um chute no bichinho. Marta teve um faniquito, saltou sobre o cara, disse-lhe todos os desafores possíveis e… tudo acabou ali. Namoro com aquele canalha nunca mais.
Martinha, não sei por onde andas, mas te mando um beijo, foste gente, foste Mulher, foste um anjo ao mandar o vagabundo pastar e defender o pobre bichinho carinhoso e indefesso. Marta fez ali, no momento, regida pelo coração, o melhor dos julgamentos: quem faz isso com um bichinho indefeso é capaz de matar a própria mãe… Amor e julgamento? Sempre. E mais ainda, sempre enquanto há tempo de evitar irreparáveis arrependimentos. Marta acabou com uma erva daninha logo que ela despontou do solo, não a deixou crescer. É assim que se faz, ou é assim que as mulheres deviam fazer diante dos machões que se revelam “joaninhas loucas” em certos momentos. Martinha, linda, muitas flores para ti, sem ervas daninhas entre elas…