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Da Pomerânia para o Mundo



Os pomeranos são um povo destinado a estar em movimento. Antes mesmo de serem denominados de pomeranos, os Wendes se deslocaram das regiões orientais no leste da Rússia nas grandes correntes dos povos rumo ao ocidente, chamada de Völkerwanderung ou migração dos povos. A cobiça dos povos vizinhos pelas terras pomeranas, as quais desejavam incluir em seu domínio, resultou em inúmeras guerras que se estenderam por mais de 800 anos. Em 1124 os pomeranos foram cristianizados por Otto von Bamberg e também foi a época em que começou o processo de germanização da Pomerânia. A disputa pelas terras era incessante e com sucessivas tentativas de um reino atrás do outro. Tragicamente as guerras pela Pomerânia foram todas travadas sob seu solo. Um exemplo é a guerra dos trinta anos que ocorreu entre 1618 e 1648, quando a Suécia arrasou a Pomerânia, levando-a a miséria absoluta e com a perda de um terço de sua população. Os pomeranos a tudo assistiam e sofriam. A campanha de Napoleão rumo a Moscou na Rússia em 1806, novamente destrói a vida do povo pomerano, pois mais uma vez, exércitos estrangeiros se movem sobre suas terras deixando uma esteira de destruição. Por fim, em 1945 nos meses de janeiro e fevereiro, os pomeranos são obrigados a abandonar definitivamente suas terras, empurrados pelo exército vermelho Russo. São expatriados de seu “país” e obrigados a marcharem para o Oeste, em direção da linha OderNeisse (nome da nova linha fronteiriça estabelecida entre Alemanha e Polônia após a II guerra mundial). Tinham que deixar tudo para trás num dos piores invernos do século XX. Calcula-se que um quarto da população da Pomerânia tenha perecido nesse deslocamento deshumano provocado pelo exército vermelho, e assim, as terras da Pomerânia oriental foram repassadas para os poloneses. A Pomerânia como entidade política desaparece neste momento da história. Num ambiente de tantos conflitos, insegurança e de crises econômicas, os pomeranos ao longo do século XIX e parte do século XX decidem migrar para lugares distintos. Já durante o domínio dos Suecos sobre a Pomerânia que ocorreu após a guerra Sueca (1648-1815), pomeranos se mudaram para a Pomerânia Oriental, e dali para o leste da Prússia ou para a região do Volga na Rússia. Em 1820, há registros e imigração de Pomeranos para o Chile, instalando-se nos distritos dos lagos, no arquipélago de Chiloé. A maioria dos imigrantes pomeranos, foi para os Estados Unidos da América (principalmente depois da guerra civil dos Estados Unidos), especialmente para os estados de Wisconsin (cidades de Milwaukee, Freistadt, Theresa e Lebanon), Michigan, Nova York (cidade de Buffalo), Texas (cidade de Austin, New Braunfels e Fredericksburg), Missouri (cidade de Sant Louis), estado de Lowa, Minnesota e no Alaska. Em 1850 grupos seguiram para Guatemala para plantações de café, tabaco, açúcar e algodão. Em 1858 chegaram ao Brasil e formaram colônias em São Loureço do Sul (RS), Santa Maria de Jetibá (ES), Domingos Martins (ES), Vila Pavão (ES) e Pomerode (aqui os imigrantes chegaram de forma predominante entre 1865 e 1870). Pomeranos também imigraram para África do Sul, estabelecendo-se na região da Kaffraria, a leste da cidade do Cabo, sendo que em 1877 uma nova leva de pomeranos se estabeleceu em Natal (Durban) e no Sudoeste da África, atual Namíbia, dedicando-se a exploração de pedras preciosas. Entre 1840 e 1860 levas seguiram para a Austrália, para as regiões de Victória, Melbourne e Tomastown, onde passaram a se dedicar a produção de laticínios e vitivinicultura. No ano de 1880 os Pomeranos chegaram a Nicarágua, formando lavouras cafeeiras no Norte do país. A imigração de grandes contingentes é exponencial entre os anos de 1880 até a Primeira guerra mundial, incluindo como destinos Berlin, e as regiões industrializadas da Renânia e Wesfália.

Desta forma, tendo a Pomerânia desaparecida politicamente em sua antiga área geográfica, passou a existir onde seu povo cultiva a língua, os usos, costumes, e as tradições, e aí está a importância se seguir seus passos, para que possamos redescobrir essa Pomerânia “espalhada pelo mundo” vivendo longe de suas terras nativas, mas preservando os enraizados laços culturais.

Artigo baseado no original Nos Passos dos Pomeranos. Publicado por Jairo Scholl Costa na Folha Pomerana edição nº53 de 06 de setembro de 2014.

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