
Quatro abraços
O título era instigante: – “Mantenha viva a magia”. Era um artigo na revista Seleções e destinada a casais. Volta e meia, nesta ou naquela revista, você vai encontrar sugestões, dicas, truques para manter o fogo do casamento aceso. Não creio nesses truques, não creio em pessoas que precisam ler ou ouvir algo sobre casamento para então reagir ou tentar salvar a pele…
O que leva pessoas ao casamento? Supostamente o amor. E onde vai parar esse amor depois de algumas poucas horas de lua-de-mel? Esse amor vai sumindo, vai abrindo espaços para a acomodação, para o embotamento da união, para o tédio do insuportável… E quando isso acontece vai ser muito difícil que algum truquezinho ensinado numa revista possa funcionar.
Antes de tudo, precisamos saber que todos nós temos um jeito, esse jeito não vai mudar, não vai mesmo. E que jeito eu tenho?, essa é a pergunta que me devo fazer. Eu preciso me conhecer para poder usar dos meus jeitos para viver melhor, e isso que parece uma obviedade não é bem assim para a maioria. A maioria pensa que “amor”, aquela zoeira que um dia uniu duas pessoas, vai funcionar como um pé de laranjeira sem precisar de cuidados nem de água todos os dias…
Quando há amor, raro, bem raro nos casamentos, as pessoas precisam antes de tudo de ter rédeas sobre a língua, nada fere mais, magoa mais que a língua solta de uma pessoa frustrada ou sem cuidados para magoar os outros. Não magoar é o primeiro passo, ser cortês é o segundo.
No artigo que li era sugerido abraçar quatro vezes ao dia… Vamos combinar, ninguém aguenta. Depois, era sugerido alguns beijinhos um tanto fora de hora… também não dá. E também é preciso lembrar que todos nós somos um resumo de gestos, palavras e observações visuais. Alguém que nos faça um gesto delicado ou nos passe uma mensagem de apreço ou nos diga uma palavra de amor, pronto, ali estará a celebração do “eu te gosto, eu te quero”, sem que se precise fazer teatro. Mas é preciso sensibilidade para essa percepção. Muitíssimas vezes, um silêncio é muito mais eloquente que um “eu te amo” sonoramente disparado pelos lábios. Mas insisto, as duas pessoas precisam afinar na mesma frequência, a frequência da boa sensibilidade. E quando o casal afina nessa sensibilidade não vai precisar de dicas ou do que for, o amor será um sol de meio-dia entre ambos.
Elas
É estatístico mas muitas mulheres podem dizer que é preconceito…- “Após o casamento e maternidade, o desempenho profissional da mulher tende a piorar…”. Então, que as casadas e mães fiquem atentas, claro, se tiverem alguma pretensão de escalada no ambiente de trabalho. Mesmo não tendo, é bom não deixar cair a peteca, há muita gente de olho e outras tantas esperando vagas…
Meninas
Talvez você não saiba mas o que existe de mães empurrando suas filhas, menininhas, para desfiles de modas, cursinhos de modelos ou mesmo promíscuos programas de televisão é um caso de polícia. E tudo pela perspectiva de um bom cachê. Os riscos a que expõem as crianças não são levados em conta e menos ainda a infância sacrificada. Uma erotização precoce e bandida. Depois vão se queixar de gravidez traumática e fora de hora. E os homens, os pais? Quem? Quem?
Falta dizer
Dia destes me perguntaram por que as tevês não apresentam programas com melhor qualidade, mais instrutivos, mais arejados para fazer as pessoas menos tensas e mais saudáveis e felizes… Bolas, porque esses programas não teriam audiência. Os entupidos querem continuar entupidos. Maioria.