
Uma frase inútil
Fazia tempo que eu não ouvia a frase que ouvi ontem, frase instigante e que dá asas à imaginação, mas… Não passa de um desejo impossível. Um amigo, de uns 70 anos de idade, suspirou perto de mim e disse: – “Ah, seu eu pudesse voltar aos meus 20 anos!”. Já ouvi essa frase muitas vezes e se você tiver um pouquinho de idade também já a terá ouvido. É uma espécie de desejar a pessoa uma segunda chance, ocorre que…
De absolutamente nada nos adiantaria voltar aos 20 anos se levássemos junto as lembranças e experiências de até este momento. Veja, se volto aos meus 20 anos e sabendo o que sei hoje da vida, não vou fazer nada, afinal, já sei dos resultados. E saber dos resultados, sejam eles quais forem, tira a graça, o bom da vida é lutar por causas, por sonhos, por objetivos cujos resultados imaginamos bons mas não os podemos garantir. Se soubermos de antemão dos resultados, vamos ficar parados.
Alguém pode me dizer- “Ah, Prates, mas eu queria voltar aos 20 anos e não levar comigo as lembranças de hoje, queria voltar aos meus 20 anos sem grilos na cabeça, novinho em folha!”. Pois se isso fosse possível, leitora, leitor, voltaríamos a fazer as mesmas bobagens que já fizemos. De um lado, a experiência, o conhecimento, nos trava; de outro, a inexperiência nos leva outra vez aos erros naturais da inexperiência. Sem saída.
Aliás, sobre essa angústia humana, que se avoluma à medida que o tempo passa, já foi feito até um filme, não lembro o nome, um ótimo filme, em que o sujeito nasce velho e vai ficando jovem ao longo dos anos. Morreu bebezinho, mamando no seio da mulher…
Se essa hipótese também fosse viável, que diachos seria. Ou alguém pode imaginar coisa pior que vida de bebê? Dependência, fúrias impotentes, choro, ranger de dentes, uma danação ser bebezinho. E isso sem falar nos “velhos” que chegam perto do bebezinho para dizer – Que gracinha! Que coisinha mais linda! Ah, tem o narizinho do papai!… Coitada da criança, sem defesa…
Mas como não dá para mudar a “História”, a nossa história, melhor é criarmos anestésicos, tipo trabalho, arte, esportes, o que for, qualquer coisa que não nos faça pensar no que passou e, pior ainda, no que pode estar por vir ou chegando. Cruzes!
Sombras
Veja que manchete sombria é esta: – “Os cortes no Ensino Superior”. Trata da duríssima contenção “de despesas” que o Governo Federal está fazendo junto às Universidades Federais. Até banheiros estão sendo fechados… Quando alguém “contém despesas” em educação, preparemo-nos, o desastre vai ter consequências históricas. Em educação todos os gastos são investimentos, mas… estamos no Brasil. Por aqui, segurança pública, saúde e educação são despesas, são preocupações dos pobres… Isso tem que mudar, aliás, há quem diga que é bom “Jair se preparando” para as mudanças…
Bichos
Duas frases, a primeira é de Brigite Bardot, a mulher que “incendiou” o mundo na década de 60: – “O homem é um animal, mas nem os animais se comportam como ele”. Cruzes! E a outra frase é do Rui Barbosa: – “Entre o bem e o mal hesita indecisa a vontade humana, ora cavalgada por Deus para um lado, ora para outro por Satanás”. Nós sabemos bem disso, não é, leitora/or? Somos um horror perto dos bichos…
Falta dizer
Em Florianópolis, não sei nas outras cidades… Imbecis, marmanjões, empinados em cima de skates, serpenteando entre os carros. E, claro, fones nos ouvidos. É direito deles, dizem os irresponsáveis. Cova também é um direito…