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Inimiga silenciosa: Após anos de dores intensas, pomerodense descobre endometriose profunda e alerta para cuidados

Fernanda Wilhelm já realizou um procedimento cirúrgico e o tratamento adequado

A endometriose é uma condição crônica que afeta milhares de mulheres em todo o mundo, impactando diretamente sua qualidade de vida. Caracterizada pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, a doença pode causar dores intensas, alterações no ciclo menstrual, dificuldades para engravidar e outros sintomas que comprometem o dia a dia. Apesar de comum, a endometriose muitas vezes é subdiagnosticada, o que reforça a importância da conscientização e do acompanhamento médico.

Aos 30 anos, Fernanda Wilhelm, coordenadora de laboratório e professora de inglês particular em Pomerode, compartilha sua experiência com a endometriose em entrevista ao Testo Notícias. Após anos convivendo com cólicas intensas e outros sintomas que julgava normais, Fernanda foi diagnosticada com um dos casos mais graves da doença, a endometriose profunda, e passou por uma cirurgia robótica que mudou sua vida.

Os sinais da endometriose começaram a se manifestar mais claramente no último ano, embora Fernanda acredite que conviva com a doença desde a adolescência. “Sempre tive um ciclo menstrual muito intenso, com cólicas recorrentes que só cessavam com medicação. No período menstrual, o desconforto era tanto que nem absorventes davam conta”, conta. Apesar disso, ela considerava os sintomas parte do processo menstrual e utilizava anticoncepcionais para minimizar os efeitos.

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Endometriose: Fernanda alerta para que as mulheres busquem auxílio e cuidem da saúde. Foto: Arquivo pessoal

Em 2021, Fernanda optou pelo DIU Kyleena, uma alternativa com menos hormônios. Inicialmente, seu ciclo melhorou, mas os sintomas retornaram de forma gradativa. “Comecei a sentir dores ao ir ao banheiro e, em alguns momentos, mesmo com o corpo relaxado. O que realmente acendeu o alerta foi a intensidade dos sintomas e o sangue nas fezes”, relembra.

O diagnóstico veio após uma ressonância magnética solicitada por seu médico. “Quando vi o resultado, me assustei. A endometriose havia acometido útero, ovários, bexiga, intestinos grosso e delgado, e apêndice. Era muita informação técnica, mas percebi a gravidade”, explica. A partir desse momento, Fernanda iniciou uma busca por profissionais especializados, até encontrar a clínica Endolap, onde recebeu atendimento multidisciplinar.

A decisão pela cirurgia robótica foi tomada após consultar diferentes médicos e realizar exames adicionais. “Apesar de desconfortáveis, os exames foram essenciais para entender a extensão da doença. Meus sintomas diminuíram com o retorno ao anticoncepcional, mas eu sabia que estava apenas mascarando algo que piorava a cada ano”, afirma.

A cirurgia, realizada no Hospital Santa Isabel, em Blumenau, durou sete horas. Durante o procedimento, os médicos retiraram um pedaço do intestino, o apêndice e cauterizaram os focos da doença. Fernanda relata que o pós-operatório foi desafiador, mas suportável. “Não senti dores, apenas desconforto na região operada. O suporte da equipe médica foi fundamental”, destaca.

A recuperação exigiu repouso, fisioterapia e cuidados específicos, como o uso de meias compressivas. Em 15 dias, ela retomou atividades leves e, após 60 dias, voltará a realizar esforços físicos. “Foi um processo gradativo, ainda faz pouco tempo, mas hoje me sinto bem melhor”, celebra.

Fernanda enfatiza a importância do acompanhamento ginecológico regular e do autoconhecimento. “Relatem tudo ao médico. O que parece normal pode não ser. Troquem experiências com amigas e familiares, e busquem informação. A endometriose tem tratamento e, quanto mais cedo for diagnosticada, melhor”, alerta.

Ela também reforça a necessidade de cuidar da saúde de forma integral. “Hábitos alimentares, rotina de exercícios, sono e saúde mental fazem diferença. Alimentos inflamatórios, como glúten, açúcar e carne vermelha, podem agravar o quadro”, orienta.

Para as mulheres que enfrentam a doença, Fernanda deixa uma mensagem de esperança: “Tudo passa. Mesmo nos momentos mais difíceis, mantenham-se positivas. Busquem informação e apoio. A endometriose não tem cura, mas é possível viver bem com o tratamento adequado”, finaliza.

Orientações médicas

Para esclarecer os principais aspectos dessa condição, conversamos com o Dr. Pedro Trauczynski, especialista no tratamento da endometriose e que realizou a cirurgia de Fernanda. Ele atende em Blumenau.

Segundo o Dr. Pedro, a principal queixa das pacientes é a dor, geralmente em forma de cólicas fortes, que se intensificam durante os ciclos menstruais. “Além disso, as dores podem apresentar-se na relação sexual, ao evacuar ou ao urinar. Os sintomas variam de acordo com cada paciente e com o grau de tratamento da doença”, explica.

O diagnóstico de endometriose é suspeito quando há dores recorrentes que não melhoram com medicamentos comuns ou em casos de dificuldade para engravidar. “Para confirmar a doença, é necessário realizar exames de imagem que mostrem o grau de comprometimento e os órgãos envolvidos. Os melhores exames são o ultrassom com preparo intestinal para mapeamento de endometriose e ressonância magnética”, orienta o especialista.

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Especialista: Dr. Pedro Trauczynski fala sobre o tratamento da endometriose. Foto: Arquivo pessoal

Dr. Pedro ressalta que o tratamento depende de vários fatores, como o grau de acometimento, os sintomas apresentados, a idade do paciente e o desejo de engravidar. “O tratamento pode ser clínico, com medicamentos hormonais, além de acompanhamento nutricional, fisioterapia pélvica e apoio psicológico. O acompanhamento por uma equipe multidisciplinar especializada é fundamental para garantir melhores resultados.”

Nos casos em que a cirurgia é necessária, o avanço tecnológico tem contribuído para procedimentos mais eficazes e seguros. “Hoje, realizamos a cirurgia por via minimamente invasiva, com destaque para a cirurgia robótica, que representa uma grande evolução em termos de qualidade, eficácia e segurança do procedimento”, destaca.

O especialista reforça a importância de não ignorar os sintomas e buscar avaliação médica. “Sentir muita dor nos ciclos menstruais não é normal. Toda dor resistente a medicamentos comuns, durante a relação sexual ou dificuldade para engravidar deve ser investigada. A conscientização sobre esses sinais é essencial para o diagnóstico precoce e o tratamento adequado da endometriose”, finaliza o especialista.

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