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Na história viva, uma tradição que se mantém há gerações

Bruno Ricardo Kreff conta sobre os anos como soprador de cristal da Strauss

Você já parou para pensar em como são feitos as taças e copos de cristal em empresas que fabricam tudo de forma artesanal? Há muitas etapas que precisam estar interligadas para entregar o resultado de uma peça que é uma verdadeira obra de arte em cristal.

Dentre as diversas funções que fazem parte dessa engrenagem, está o soprador de cristal, uma profissão milenar que continua viva em Pomerode com a Strauss.

Bruno Ricardo Kreff, de 32 anos, é hoje o supervisor de produção da Strauss. No entanto, trabalhou durante muitos anos como soprador de cristal, profissão que leva no coração, até conquistar o cargo que ocupa atualmente.

Foi com 18 anos que ele iniciou a trajetória profissional no ramo de cristais. “Meu pai também trabalhou na área, passou por todos os processos até chegar a soprador de cristal, cargo que ocupou por cerca de 20 anos”, lembra.

No entanto, o pai não queria que o filho seguisse a mesma profissão. Mesmo assim, Bruno decidiu ingressar na área. “Como cresci no meio, tinha bastante conhecidos e resolvi ir sem o aval do meu pai. Comecei na Strauss, em Blumenau, em 2010. Um ano antes, meu pai tinha se afastado por um problema de saúde e retornou em 2014. Trabalhamos por uma semana juntos e aí ele se aposentou.”

soprador de vidro
Artesanal: a função do soprador de cristal faz parte de uma série de processos necessários para entregar peças em cristais que são verdadeiras obras de arte. Foto: Laura Sfreddo/Testo Notícias

Desde o momento em que decidiu que faria carreira na área de cristais, Bruno tinha o objetivo de se tornar soprador de cristal. “Entrei como carregador e fui passando pelas funções. Eu queria tanto isso que evoluí rápido, demorei um ano e oito meses para conseguir ser soprador,todo intervalo eu estava aprendendo. Para ingressar nessa profissão, depende muito da vontade da pessoa em querer aprender”, conta.

De acordo com ele, a média para que um funcionário se torne soprador é de cinco anos. “Mas nada te impede de você entrar e aprender devagarzinho e, em um a dois anos já estar desempenhando a função, isso é do seu desenvolvimento. Tem gente que vai aprender antes e tem gente que vai demorar mais tempo, vai do empenho e esforço de cada um.”

Em 2021, Bruno assumiu o cargo de líder e, nesse ano, passou para supervisor de produção. Hoje, dentre as funções dele, estão a programação de produção das peças e coordenação da equipe. “Gosto do que faço, mas vou ser sincero, eu sinto saudades de assoprar. Porém, de vez em quando eu faço um copo ou outro, principalmente quando alguém precisa sair por um tempinho, para ir ao banheiro, por exemplo. Dessa forma, a produção continua e eu consigo matar a saudade.”

Atualmente, a Strauss é uma das únicas empresas de cristais finos feitos à mão do mundo a manter viva a produção totalmente artesanal, o que destaca o Brasil a níveis internacionais de reconhecimento. “Esse é o nosso diferencial, é o que agrega valor ao produto. Mas, para conseguirmos manter isso, precisamos encantar os jovens, precisamos de mais pessoas, fazê-las acreditarem naquilo e quererem aprender uma profissão nova.”

Com relação a isso, Bruno destaca que a profissão de soprador de cristal não é tão comum, principalmente pelo método de ensino ser diferente. “Em outras áreas, aprendemos na faculdade. Aqui, a faculdade é o nosso dia a dia”, evidencia.

Para as pessoas que ainda não entendem o que é soprar o cristal, ele faz uma comparação: “É como apagar a chama de uma vela, esse é o melhor exemplo que tem. É você ir assoprando a velinha devagar para a chama ir deitando e não apagar. Muitos acham que precisa ter pulmão bom, mas na verdade precisa ser sutil.”

Sobre fazer parte dessa tradição, Bruno afirma que é um orgulho ser soprador de cristal. “É uma área que todo mundo se encanta, é uma algo distinto do que a maioria das pessoas faz, um trabalho diferente, então tenho muito orgulho de fazer parte disso tudo. Queria convidar os jovens, principalmente os que ainda não sabem com o que seguir na vida, essa é uma profissão boa, é uma carreira legal. E isso é uma arte, eu me considero um artista”, finaliza.

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