Foi na infância que Anete Rohling, hoje com 60 anos, descobriu o amor que nutria pela educação. “Não lembro bem a idade que tinha, mas tentava ensinar meus primos menores a ler e escrever. Essa é uma lembrança muito gostosa”, conta.
O tempo passou e ela começou a trabalhar nas áreas de indústria e comércio, porém, o desejo de ensinar sempre a acompanhou.
Em determinado momento, surgiu a oportunidade de atuar como professora substituta na Escola de Educação Básica Presidente Prudente de Morais. “Foi aí que tudo começou, me apaixonei realmente em trabalhar lá”, relembra. Incentivada pela diretora da escola na época, começou a cursar o Magistério, em Blumenau.
Anete atuou ainda na Apae, como professora e secretária, e como professora ACT pela Prefeitura de Pomerode, na Escola Básica Municipal Olavo Bilac. “Foi um ensinamento muito grande e fui me aprimorando a cada dia.”
A história profissional dela passou ainda por mais uma área. Em 1994, prestou concurso para atuar como telefonista e se classificou como 1ª colocada. Inicialmente, ela dividiu a nova função com o trabalho como professora no Colégio Nossa Senhora de Fátima e, mais tarde, optou por dar uma pausa na missão de lecionar e continuar apenas como telefonista.
Foram oito anos até que o caminho profissional dela tomou um novo rumo e a levou de volta à área da educação. Anete prestou concurso para se efetivar como professora e passou. Quando sua vez de ser chamada chegou, ela teve uma surpresa.
A notícia veio do então secretário de Educação, Valmor Kamchen, durante a gestão de Magrit Krueger, no ano de 2002. “Ele chegou para mim e disse: ‘Anete, chegou sua vez no concurso. Tenho uma proposta para lhe fazer’. Explicou então que o CEIM Ruth Koch estava precisando de uma professora regente. ‘Ele disse: você aceita? Você é capaz?’. Respondi: ‘eu sou’”.
E assim teve desfecho uma relação de carinho e dedicação a um lugar que sempre pareceu estar destinado a fazer parte de sua vida.

Destino traçado
Muito antes da conversa registrada naquela tarde, Anete passava diante das obras que estavam ocorrendo naquela que mais tarde seria a sede do CEIM Ruth Koch.
Por muito anos, aquele tinha sido o espaço de trabalho da mãe dela, quando abrigava um posto de saúde. Após ser atingido por uma chuva de granizo, o PS foi realocado e a creche começou a ganhar forma.
Ela não imaginava o que estava por vir, mas, ainda em meio à poeira da construção, gostava de conversar com os pedreiros, observar as salas e o andamento dos trabalhos.
Após receber a proposta, se desligar da efetivação como telefonista e passar para a nova efetivação na Secretaria de Educação, Anete entrou novamente no prédio ainda em obras, mas agora para construir ali uma história escrita durante 14 anos.
Os passos seguintes foram no sentido de formar a equipe, organizar o espaço físico e receber os alunos. “A primeira funcionária contratada foi a auxiliar de serviços gerais Dirlene Beck Glasenapp, que permanece trabalhando no local até hoje e é a única remanescente daquela equipe original”.
Naquele início, o CEIM contava com 11 funcionários e uma média de 36 crianças atendidas. “Quando eu saí, em 2016, a média era de 43 funcionários e 140 crianças”, conta.

Engajamento e boas lembranças
Cerca de três anos após a fundação, com o aumento do número de alunos, Anete passou de professora regente à diretora. A posse aconteceu já na gestão de Ércio Kriek.
Ela destaca que além de todo apoio recebido da Secretaria de Educação e da Prefeitura de Pomerode, surgiram no CEIM gestões de Associações de Pais e Professores sempre muito engajadas, em busca de dar um passo além e que ajudaram a consolidar uma ligação muito bonita com toda a comunidade.
Segundo ela, foram vários os eventos organizados e que sempre contaram com a participação de muitos voluntários e do acolhimento de muitas pessoas. “Foi uma época maravilhosa, só tenho coisas boas para contar de lá.”
Ela também lembra dos desafios enfrentados pelo caminho, mas ressalta que todos foram superados com muita dedicação e colaboração de todos. “Nada é um mar de rosas. Havia dificuldades e desafios, mas tendo um bom relacionamento com as crianças, com os funcionários, com os pais e com a própria prefeitura, que sempre está junto conosco, é maravilhoso trabalhar.”
Das lições aprendidas pelo caminho, destaca a relação com as pessoas como a principal. “Fazíamos muitas reuniões, momentos interativos para trazer todos juntos a nós. Só tenho a agradecer a Secretaria de Educação, a Prefeitura de Pomerode, a equipe que trabalhou comigo durante os 14 anos no CEIM Ruth Koch e a equipe que trabalhou comigo durante os quase dois anos seguintes no CEIM Dorothea Hoeft Borchardt.”
O fim de um ciclo
E assim aquele sonho de menina que se tornou realidade foi se encaminhando para o fechamento de um ciclo. Em 2017, ela foi transferida para atuar no CEIM Dorothea Hoeft Borchardt, onde permaneceu até 2018, ano em que se aposentou do funcionalismo público.
O momento foi de muita alegria, mas também de saudade. “No início, parecia que estava de férias, já que a documentação saiu justo no fim de ano. Mas, depois de alguns meses, sempre que passava em frente a uma das creches ou conversava com alguém de lá, batia uma saudade. Cheguei a pensar em voltar como ACT, mas com o tempo vi que havia muita gente boa na área da educação e que poderia continuar essa história.”

Se somado o tempo em que Anete foi professora ACT, telefonista e depois servidora efetiva da Secretaria de Educação, são 25 anos como servidora pública. Em razão da aposentadoria, ela e outras servidoras da Educação de Pomerode que se aposentaram na mesma época receberam uma homenagem no Salão Nobre da Prefeitura, com a presença do prefeito Ércio Kriek, do secretário de Educação e Formação Empreendedora, Jorge Buerger, de servidores dos CEIs e de algumas das crianças. “Foi um momento muito especial.”
Para encerrar, Anete destaca que, para trabalhar com educação, é preciso ter muito amor pelo que se faz. “Aquele sonho de menina se realizou e foi muito além. É muito gostoso trabalhar com a educação. Quem puder, quem se imagina nessa área, estude e vá atrás do que deseja, vale muita a pena.”