Nas conversas cotidianas, tenho notado cada dia mais uma espécie de bagagem pesada que diversas pessoas decidem carregar. Quase todos estão descontentes, por isso ou por aquilo. Um rio de lamentações, um mar de amargura, um universo de insatisfação.
As pessoas, de todas as idades… e infelizmente muitas delas bem jovens… Veem apenas motivos para reclamar, se sentem injustiçadas, insuficientes. É como se tivessem perdido a capacidade de enxergar a alegria. E eu não estou falando de acordar cedo e postar uma foto com uma caneca de café e a frase: “gratidão”.
Estou me referindo a sentir no coração, de forma tão genuína, que a última coisa a lembrar é de fazer uma postagem, ou de viver algo tão mágico que acaba perdendo a noção da hora. Falando nisso, qual foi a última vez que você perdeu a noção do tempo? Na infância?
Também não estou falando de ser hipócrita a ponto de não desejar que o domingo se estenda ou de ficar feliz às sextas. Mas a vida é curta demais para viver apenas de sexta a domingo. É insalubre atravessar um março pensando no dezembro.
É urgente que treinemos nossos olhares e mentes para voltar a admirar uma paisagem que traz alegria, a encontrar a paz no que hoje chamam de tédio, que conversemos de verdade uns com os outros, que olhemos para nossas famílias e reconheçamos nelas um bem precioso. Vou mais longe ainda: que saibamos comemorar conquistas.
Atualmente, parece que comemorar um bom dia é pecado, porque você precisa estar sempre pensando em conquistar mais, em planejar qual será o próximo passo. Lamento te dizer, mas se você estiver olhando sempre para o topo da escada, acaba tropeçando no meio.
Essa bagagem que estamos carregando está pesada demais e nos adoece. Desse jeito, nada do que conquistarmos será suficiente e na nossa lápide estará escrito: ele/ela queria mais.