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No cubo mágico, aprendizados para a vida

Guilherme Finarde, de 11 anos, pratica um dos quebra-cabeças mais incríveis do mundo

Em algum momento da sua vida, você provavelmente já pegou em um cubo mágico. Tentou montá-lo, tentou de novo e, muito provavelmente, perdeu a paciência e não conseguiu finaliza-lo.

São poucas as pessoas que decidem ir afundo e, com muita técnica e treinamento, conseguem aprender o segredo desse que é um dos quebra-cabeças mais incríveis do mundo. Esse é o caso do morador de Pomerode, Guilherme Oliveira Finarde, de 11 anos.

Sua paixão pelo cubo mágico começou quando ele e os pais, Karen Oliveira Lopes Finarde e Carlos Alberto Finarde Junior, ainda residiam em São Paulo. “Quando estávamos passando por uma feira de rua, encontramos uma barraquinha que vendia brinquedos e logo vimos o cubo. Era R$ 5, esses bem simples, e compramos pra ele só por brincadeira para tentar ativar alguma coisa na mente dele”, lembra a mãe.

Com isso, Guilherme começou a tentar resolver o quebra-cabeça. Como não estava conseguindo finalizar, decidiu pedir “ajuda” ao Youtube e pesquisou se alguém já tinha conseguido montar. “Até então, não conhecíamos toda essa fama mundial do cubo, com diversas modalidades, muita gente competindo pelo mundo todo e se reunindo. Nunca tínhamos ouvido falar, achávamos que era só uma brincadeira mesmo.”

Decidido a aprender, ele recebeu o apoio dos pais desde o início. “Compramos um cubo melhor, que tinha uma facilidade maior de giro, e meu marido foi incentivando, dizendo que aprenderia junto. Acabou que o Guilherme pegou muito mais rápido e montou sozinho. Depois de um tempo, o Carlos conseguiu também”, revela Karen.

Experiência: Guilherme sempre se dedicou a aprender as diversas modalidades. Foto: Arquivo pessoal

No meio de 2021, após uma oportunidade de trabalho recebida pelo pai, a família decidiu se mudar para Pomerode. “Ele foi se dedicando, aprendendo, vendo vídeos de campeonato e seguindo alguns youtubers que ensinam com passo a passo. Ele fazia, e faz até hoje, anotações no caderno até que ele conseguisse decorar os algoritmos. Depois, foi montando com mais rapidez e foi diminuindo o tempo até chegar agora a 18 segundos.”

Guilherme conta que, no começo, enfrentou algumas dificuldades, mas explica que a prática fez com que se tornasse mais fácil. “São vários algoritmos, aí preciso decorar e, depois, já tem que ir treinando para ficar na memória. São várias modalidades e cada uma tem o seu algoritmo, a sua maneira de ser montada. É um pouco difícil aprender e decorar todos eles, mas é questão de treino até a cabeça decorar todos os algoritmos”, evidencia.

Sobre o aprendizado, a mãe reconhece todo o esforço e dedicação do filho. “Ele sempre faz anotações, sempre vai assistindo e fazendo. Esses dois anos foram de muito treino, ele aprendeu 2×2, o Pyraminx, fazer a modalidade com uma mão só, além de melhorar o tempo no 3×3, porque até então ele fazia em 30 segundos.”

Em 2024, a família decidiu que havia chegado a hora de Guilherme começar a competir. “Ele já estava com o tempo bem melhor. Não podemos ficar esperando muito o tempo certo, temos que dar o próximo passo e começar. A primeira competição dele foi em Itajaí e a próxima é em agosto, em Rio do Sul. Conforme for surgindo as competições, nós vamos indo.”

Apoio e incentivo

Desde o começo, Karen e Carlos incentivaram Guilherme na nova experiência. Eles acreditam ser muito importante o filho poder contar com o apoio dos pais. “Acreditamos que isso seja um dom que Deus deu para ele, porque é preciso ter muita dedicação e amor pelo cubo mágico. Por mais que qualquer um possa olhar o passo a passo e acabar conseguindo, melhorar e decorar vários algoritmos é só com amor”, enfatizam.

Além disso, eles entendem que o aprendizado vai muito além do próprio cubo mágico, mas também agrega ensinamento para a vida. “O cubo ensina a não desistir, a ser persistente, a lutar pelo que você quer, treina a mente e ensina a ser responsável. Por isso, o apoio dos pais é fundamental, porque é uma vontade dele, é um sonho dele, é uma dedicação que ele está tendo ali, então precisamos dar nosso apoio, o nosso amor, estar junto com ele.”

Família: Karen e Carlos apoiam o filho e o incentivam nos novos passos. Foto: Arquivo pessoal

Por exemplo, Karen relembra uma situação que resume todos os ensinamentos provenientes do cubo mágico. “Teve uma vez que o 4×4 dele desmontou sem querer, se desmanchou em várias pecinhas. Foi um sacrifício para montar tudo isso de novo, foi bem complicado, demorou meses, porque não conseguíamos encaixar as peças, a gente assistia vídeo, mas não funcionava.”

Em todos os momentos, os pais estavam junto do filho, tentando a todo custo reconstruir o objeto. Em determinado momento, Guilherme começou a desistir, dizendo que era impossível e dando a sugestão de jogar as peças fora e comprar outro. “Mas aí dizíamos que íamos conseguir, insistimos, se estávamos cansados a gente largava, descansava e, depois, voltava, tentava de novo, o importante era não desistir. E nós conseguimos montar, assistimos um passo a passo e fomos montando peça por peça juntos. Agora, ele está lá usando o 4×4, treinando. Se tivéssemos jogado as pecinhas fora, que lição ele estaria aprendendo? A de desistir, jogar fora e comprar outro? Isso vai além de um cubo mágico, são lições para a vida”, enfatiza Karen.

Por esses e outros exemplos, os pais acreditam que essa vivência no dia a dia de Guilherme fará com que ele se torna um ser humano cada vez melhor. “O apoio, para ele, é importante para formar um homem bom que ele será, com um caráter bom. Aquilo está mostrando uma persistência, está mostrando pra ele que não deve desistir, está mostrando pra ele a importância de continuar, mesmo quando você não está conseguindo, mas que você insista, que você treine, que você estude”, finaliza.

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