Não há palavras para descrever a sensação de ver – através de fotos e vídeos – a casa que na primeira infância chamei de lar – na cidade de Sobradinho, Rio Grande de Sul – varrida por consecutivas enxurradas.
Também me faltam recursos linguísticos para expressar o quanto meus pensamentos ficaram fixados no desejo de que os familiares que moram em diferentes partes do estado Gaúcho estivessem em segurança.
Quanto mais a água subia, mais o coração apertava. Todas as noites desde o fim de semana, a imagem daquelas famílias refugiadas nos telhados de suas casas, clamando por resgate, tem sido minha companheira até o sono chegar.
Como farão agora meus compatriotas, nossos irmãos gaúchos, como se reerguerão? A resposta não é simples, houve muita perda… vidas, casas, sonhos…
A esperança, essa velha e teimosa companheira que todo brasileiro carrega no peito do nascer ao pôr do sol, e que talvez tenha sido a única a pairar sobre as águas durante um longo tempo, agora recebe a companhia da solidariedade.
Ela vem chegando de barco, de helicóptero, de caminhão, de avião, a pé… vem de longe e de muito perto. O que importa é que a esperança já não está só.
Precisamos agora é que cheguem lá também a gestão, a governança, as medidas de emergência necessárias para salvar vidas e reconstruir sonhos. Meus irmãos gaúchos, que sirvam ‘vossas’ façanhas de exemplo a toda Terra mais uma vez.
Fiquem seguros por hora, o tempo de reconstrução virá e vocês prosperarão novamente, mas, agora, pensem em suas vidas e daqueles a quem amam. Sei que parece solitário aí em meio às águas, mas acreditem, não estão sozinhos.
