Telas, azulejos, louças em porcelana, madeira, móveis, cortinas, portas de vidro e o que mais a criatividade mandar são a base para as obras únicas e desconhecidas de Ingelore Kurth Spies, 85 anos.
Com uma sensibilidade única, traços perfeitos e muito amor pela arte, é em sua residência que suas obras ficam majestosamente expostas. “Eu vejo um espaço sem vida, já penso no que pode ser feito para ele ser transformado.”
Ingelore descobriu o universo das artes quando tinha apenas 15 anos, na época do colégio, em uma aula de pintura em tela. A primeira obra, guardada até hoje, fica exposta na sala de estar. “Gosto de olhar para ela sempre”

Depois daquela primeira tela, Inge, como é conhecida, nunca mais parou. A inspiração, segundo ela, foram experiências ao longo da vida. “Você vê uma coisa bonita e já quer fazer igual. Nem sei de onde vem a minha inspiração, geralmente surge com uma oportunidade, que vira um traço e depois vai sendo completado com o colorido”, revela.
Ao longo dos anos Inge foi aprimorando as técnicas aplicadas em cada material. Seja na pintura em tela e tecido, da arte com durepox, do crochê, do bordado ou nos desenhos dos vitrais, a artista nunca parou.
As obras estão espalhadas na casa de Ingelore, em Pomerode, no apartamento de veraneio da família no litoral, nas casas de familiares e amigos. “Faço de tudo um pouco. Geralmente para a minha casa, familiares e amigos, aquelas pessoas queridas e mais próximas. Gosto de compartilhar desse olhar cheio de vida.”

Apesar do trabalho maravilhoso, Inge não vendeu uma única obra ou participou de uma exposição de arte. “Nunca pensei em expor meu trabalho, não me considero uma artista. Costumo brincar que não sou artista, não vejo o que eu faço como arte, sou arteira e um pouco metida, isso sim”, argumenta sorridente.
Inge, hoje viúva, foi casada por quase 60 anos com Ivo Pedro, com quem teve quatro filhos: João Augusto, Douglas Maurício, André Jacob e Cassandra. “Eu fui muito abençoada com o meu casamento, construímos uma família linda. Tenho muito orgulho dos meus filhos. Meu marido sempre me incentivou a criar.”

Para o filho mais velho, Inge dedica seu carinho e cuidados de forma redobrada. “Ele nasceu com uma deficiência, na época a medicina não era tão evoluída. Acho que sempre foi um motivador a mais, a minha força extra para querer continuar. Então, se algo acontece, sempre penso no lado bom, porque o ruim vem por si, não adianta ficar sofrendo. Temos que ter alegria e agradecer pela vida sempre.”
Atualmente, a artista tem quatro netos e se prepara para a chegada da primeira bisneta, no mês de junho. É para ela que Inge dedica atualmente o seu tempo e a sua próxima obra, um tapete para ficar no quarto da pequena. “Quando começo uma peça, seja qual for, penso que ela ficará para posteridade, por isso são sempre feitas com muito carinho e amor.”
