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Além do esporte, a paixão pela tradição

Há décadas, Família Kreitlow mantém conquistas no tiro carabina apoiada

Na casa da Família Kreitlow a paixão por um esporte é unanimidade. Há décadas, e porque não dizer gerações, o tiro carabina apoiada é o responsável por grandes e centenas de conquistas.

A história começou na década de 1960 com Harry Kreitlow, hoje já falecido, quando o Clube de Caça e Tiro Vale do Selke foi fundado. “Meu pai iniciou, junto com os demais sócios do clube, alguns deles logo depois da fundação”, relembra Elio Kreitlow, hoje com 63 anos.

Seguindo os passos do pai, Elio iniciou na modalidade com apenas 10 anos. “Um dia fui junto com o meu pai para conhecer como tudo funcionava e depois já comecei a praticar. O tiro em si, não é difícil. Tem um instrutor que acompanha e mostra como tudo funciona. É só mirar e puxar o gatilho, não tem força nenhuma, mas é preciso ter concentração e uma visão boa”, explica.

A primeira vitória de Elio com o tiro carabina apoiada foi em um Campeonato Interclubes de Pomerode, na conquista por equipe. “Eu já estava crescido e, na década de 1990, os atiradores do Clube começaram a treinar regularmente, formar uma equipe mais forte e a conquistar títulos que tornaram o Vale do Selke consagrado na modalidade.”

Vitórias: em uma estante está guardada parte das medalhas e troféus conquistados por Elio e Jocemar Kreitlow ao longo dos anos. Fotos: Marta Rocha/Testo Notícias

Em 1994, o Clube de Caça e Tiro Vale do Selke garantiu o troféu do Torneio de Tiro da Festa Pomerana. Feito que se repetiu em outras edições consecutivas. “Foram três títulos seguidos como campeão geral da Festa Pomerana, além de muitos outros títulos em outras edições.”

Individualmente, Elio também participou dos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc) como atirador. “Conquistei o terceiro lugar geral em 2013. A gente gosta de praticar o tiro, isso é muito mais que um hobby. Conhecemos muitas pessoas, fazemos muitos amigos ao longo dos anos, é muito gratificante participar.”

Por incentivo do marido, Elia Kreitlow, 65 anos, também decidiu iniciar no tiro carabina apoiada. “Na época, houve a mudança dos 75 para os 50 metros de distância do alvo. Como o Elio já atirava e estavam procurando sócios para participar da equipe, resolvi começar também.”

Elia conta que a sua família não tinha tradição e que foi conhecer a modalidade por intermédio do esposo. “Eu gosto de praticar, hoje o marido e o filho já atiram, a nora também começou, então é muito bom participar em família.”

Apesar do início mais tardio, a atiradora garantiu muitas conquistas nos torneios de Pomerode. “Já fui rainha do tiro da Festa Pomerana por duas vezes e conquistei uma faixa no Interclubes também”, afirma orgulhosa.

Apesar da presença de muitas mulheres nos stands de tiro, Elia afirma que as atiradoras ainda são minoria. “É mais difícil conseguir atiradoras do que homens que se interessem pelo esporte. No Vale do Selke a equipe é formada por 38 atletas, desses 14 são mulheres e o restante são homens.”

Filho de pai e mãe atiradores, o caminho trilhado por Jocemar Kreitlow, 41 anos, não poderia ser outro. “Eu via meus pais atirando e participando das competições, e sonhava o dia em que seria também um dos melhores.”

Legado: com o uniforme do Clube Vale do Selke, Família Kreitlow se orgulha em manter a tradição do tiro carabina apoiada. Foto: Marta Rocha/Testo Notícias

Ele ainda era um menino, quando começou a acompanhar Elio durante os treinos. “Meu filho é muito detalhista e sempre busca um melhor resultado”, admite o pai.

Não demorou muito para que a dedicação e a paixão de Jocemar começassem a dar resultados. Com apenas 15 anos teve sua primeira participação em um campeonato estadual. “Aí me destaquei e ganhei três medalhas de ouro.”

Na coleção guardada na casa da mãe, fica difícil contar a quantidade de medalhas e troféus que ficam expostos em uma grande prateleira. “Eu me sinto muito orgulhosa, principalmente porque o Jocemar, na época com apenas 16 anos, conquistou a primeira medalha de ouro nos Jogos Abertos. Depois vieram muitas outras medalhas e troféus, de ouro, prata e bronze. O armário que fizemos já está cheio”, revela Elia.

Para Jocemar, a mais emocionante foi em 2004, após um tempo afastado da modalidade, retornando como campeão estadual. “Aquele ouro no Campeonato Estadual de Carabina Apoiada teve um gostinho de superação. Eu nunca fiz as contas de quantas conquistas foram ao longo dos anos. Foram várias participações nos torneios municipais e também em nível de Santa Catarina. Acredito que somente no Estadual e nos Jasc tenham sido mais de 20 medalhas.”

Além das inúmeras conquistas dos Jasc, Jocemar também teve o privilégio de carregar a tocha da competição no ano de 2019. “Ser atleta é algo muito emocionante. Todas as conquistas que tive, os campeonatos que participei foram especiais. Para mim, um bom atirador precisa de concentração, calma e foco no resultado.”

Estadual: Jocemar Kreitlow carregou a tocha dos Jasc em 2019. Foto: Arquivo Pessoal

Elio e Jocemar, pai e filho, já tiveram a oportunidade também de dividir o pódio. “Foi no Torneio de Tiro da Festa Pomerana, Jocemar garantiu o título e eu fiquei com a vice-liderança individual. Para mim é uma alegria enorme participar e ver que minha família também se interessa pelo tiro e que isso terá continuidade no futuro.”

E para quem duvida que a casa da Família Kreitlow é um celeiro de atiradores, a esposa de Jocemar, Leila Daiana Glau Kreitlow, 40 anos, também é uma atleta de respeito. “Eu atirei pela primeira vez quando tinha uns oito anos. Na época, um tio do meu pai me perguntou se eu não queria atirar. Como eu não alcançava no stand, subi em cima de uma caixa de coca-cola e atirei a primeira vez”, relembra.

Leila ficou alguns anos sem atirar, retornando em 2008 para a modalidade. “Dali em diante eu nunca mais parei. Foram muitos títulos conquistados com o Vale do Selke e me orgulho muito em fazer parte dessa equipe.”

Em um futuro não muito distante, Arthur Vinícius Kreitlow, 10 anos, filho de Jocemar e Leila garante que também será um grande atirador como o pai, o avô e o bisavô. “Assim que eu puder, vou começar a treinar também. Espero um dia manter a dedicação e as conquistas que eles tiveram ao longo dos anos.”

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