domingo, 15 de junho de 2025
15.1 C
Pomerode
15.1 C
Pomerode
domingo, 15 de junho de 2025

Uma tradição familiar revivida há décadas

Marcos Beber já montou mais de 100 presépios ao longo da vida

Marcos José Severino Beber, 59 anos, começou a montar os presépios ainda na adolescência, inspirado na tradição mantida pela mãe, Dona Anilda. “Todo Natal, minha mãe sempre montava os presépios em casa, desde que éramos muito pequenos. Por menor que ele fosse, ela deixava pronto a cada ano. E aí eu comecei a criar o gosto por isso também.”

Marcos montou o primeiro presépio sozinho quando tinha 12 ou 13 anos, depois disso passou a ajudar a mãe. “Na época, eu tinha mais tempo e capricho. Íamos ao mato, pegávamos musgo de árvores e pedras, galhos e outros arbustos. Hoje, muita coisa é artificial, que acaba sendo mais prático e mais rápido.”

O empresário explica que, além das imagens da sagrada família e os materiais naturais, um presépio sempre precisa ter uma casinha ou uma gruta, para colocar José, Maria e o Menino Jesus. “E dependendo do tamanho do presépio, se é grande ou pequeno o espaço que você tem, é possível montar ainda uma casinha para os pastores, um caminho para a chegada dos Reis Magos, um riozinho com uma ponte. Existem vários tipos de presépios, até com água de verdade.”

Menino Jesus: em cada presépio, Marcos dá vida a um símbolo muito especial do cristianismo, a sagrada família. Foto: Marta Rocha

Os elementos que o empresário tradicionalmente usa a cada ano para as montagens são papel, armações de madeira, uma folhagem conhecida como “barda de velho”, bromélias, pedras, papel alumínio para fazer o rio, entre muitos outros itens. “Pedrinhas, areia para fazer a tradicional estradinha até a manjedoura não podem faltar. Além de Maria, José e o Menino Jesus, normalmente os presépios têm também as imagens de pelo menos um pastor, os três Reis Magos e o anjo que anunciou aos pastores o nascimento do Menino Jesus, que geralmente é colocado em cima da gruta. Além do camelo, da vaquinha, do burrinho, do cavalo e dos cordeiros.”

Marcos explica que tradicionalmente os presépios são montados para o primeiro domingo do Advento e desmontados em 06 de janeiro, Dia de Reis. “Eu prefiro montar um pouco antes porque o tempo passa tão rápido, faço lá pelo dia 15 de novembro, para que o clima natalino já possa entrar na minha casa.”

Um tempo depois de montar os presépios em casa para a família, recebeu a missão de dar vida ao símbolo cristão do Natal dentro das igrejas da comunidade católica. Da tradicional montagem, Marcos relembra também as variações que já foi desafiado a fazer. “Em um Natal, o pároco de Pomerode na época me desafiou a trazer o tema da Campanha da Fraternidade daquele ano e ao lado do presépio montamos uma favela. Aquela foi uma proposta que mexeu com todos.”

Marcos perdeu a conta de quantos presépios montou ao longo da vida e considera essa sua verdadeira missão para o Natal. “Na igreja, acho que eu monto desde a minha juventude, logo depois que ajudava minha mãe na sua casa. Depois que casei, virou uma tradição com a minha esposa, isso já faz 35 anos. Eu também faço um na vitrine da nossa loja e agora na casa da minha filha porque meus netinhos adoram. Então acho que deve ter passado de 100.”

O sonho que Marcos ainda pretende realizar é montar um presépio grande, com imagens menores e que possa também dar vida a uma vila ao redor e mais detalhes. “Na Festa do Natal de Pomerode, a Weihnachtsfest, também tenho o sonho de montar um bem grande para moradores e os visitantes.”

Em 2023 Marcos já deixou cinco presépios prontos, um em casa, o outro na residência da filha, um na loja, um na Paróquia São Ludgero e outro na Prefeitura de Pomerode. “Nós somos apaixonados pelo Natal e costumamos caprichar em cada um dos detalhes. Eu tenho comércio também e sabemos que a data se tornou um tanto comercial. Mas ao montar o presépio, conseguimos voltar a reflexão para princípio cristão, que é o nascimento de Jesus. Depois, surgiram todos os outros símbolos da data.”

Para a comunidade: neste ano, Marcos também montou o presépio que está exposto na Prefeitura de Pomerode. Foto: Marta Rocha

Marcos sabe que a tradição dos presépios hoje já não é mantida por todas as famílias. “A gente sabe que a correria do dia a dia e a comodidade acabam não deixando que muitos montem. Mas já existem presépios prontos que podem ser levado pra casa.”

Quando conclui cada trabalho, o sentimento de Marcos é um só: o de gratidão. “Todo presépio fica bonito, pode ser o mais simples que for. Eu sempre acho defeitos depois de prontos, mas é uma satisfação muito grande e a cada ano parece que eles ficam bonitos.”
Para Marcos, montar o presépio no tempo de Advento significa preparar a casa e o coração para a data. “Eu sempre reforço que ninguém adora as imagens que estão ali, mas é um simbolismo para relembrar. Montar o presépio representa a preparação para essa data tão especial. Nós costumamos reunir a família e os amigos para a Novena de Natal.”

Uma data que, segundo Marcos, é carregada de significados. “Esse é um tempo de paz, harmonia e amor. Sabemos que a Páscoa também tem um simbolismo religioso muito forte. Mas se Jesus não tivesse nascido homem, ele não teria morrido e ressuscitado para nos salvar. Então Natal sempre será um momento de reflexão, perdão e renovação, para acreditarmos em um amanhã melhor.”

A mensagem de Marcos para o Natal é para que as pessoas voltem a reviver o significado da data. “É um tempo de pararmos um pouco, de nos colocarmos no lugar do outro. O estado viveu momentos muito difíceis, em função das chuvas. Pomerode não foi muito afetado, mas será um tempo de reconstrução para diversas pessoas. Temos que ter empatia e amor, que o Natal seja um momento de reflexão.”

Fé: o nascimento do menino Jesus é revivido pelo presépio feito por Marcos dentro da Paróquia São Ludgero. Foto: Marta Rocha

Simbolismo muito além da decoração

Muito além de um item de decoração para o Natal, o presépio é carregado de simbolismo e quer retratar a simplicidade do estábulo em que nasceu Jesus Cristo nasceu em Belém e serve também como um lembrete do propósito de Deus ao enviar Jesus Cristo para redimir a humanidade de seus pecados.

O termo vem do latim “Praesaepe”, que significa estrebaria ou curral. Há registros de que a tradição natalina católica surgiu em 1223, durante uma viagem de São Francisco de Assis à Itália.

Ele teria montado o primeiro presépio em uma gruta, para explicar aos camponeses a cena do nascimento de Jesus. No Brasil, a cena do presépio foi apresentada pela primeira vez aos índios e colonos portugueses em 1552, por iniciativa do padre José de Anchieta.
Normalmente o presépio é constituído de imagens como a de Maria, José, o Menino Jesus em uma manjedoura, os animais que estavam no estábulo, como a vaca e o carneiro, e o burrinho que transportou o casal até o local.

Segundo a Bíblia Sagrada, José e Maria fugiram da Galileia em virtude de um recenseamento, onde o rei Herodes, com medo de perder seu trono para o “rei dos judeus”, mandou matar todas as crianças com a mesma idade de Jesus.

Os dois viajaram por longos dias procurando uma hospedaria para ficar, mas não encontrando um local, pediram abrigo em uma casa, porém o dono ofereceu o estábulo para passarem a noite. Foi então que Maria deu à luz.

Um anjo, de nome Gabriel, anunciou o nascimento do Messias e uma estrela cadente indicou, num brilho intenso, o local onde ele se encontrava. Dessa forma, os três reis magos seguiram o brilho da estrela e presentearam Jesus com incenso, ouro e mirra.

Proibido reproduzir esse conteúdo sem a devida citação da fonte jornalística.

Receba notícias direto no seu celular, através dos nossos grupos. Escolha a sua opção:

WhatsApp

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui